Doenças Imunologicamente Mediadas - Eritema Multiforme
O Eritema multiforme pode ser considerado como uma "resposta exacerbada" do organismo frente a um agente antigênico, sendo, na grande maioria das vezes, um vírus ou medicamentos. A etiologia dessa doença ainda é incerta e além dos medicamentos e infecções, como os principais agentes, outros fatores como tumores malignos, doenças autoimunes e radioterapia também podem ser capazes de induzir a doença.
O Eritema multiforme pode ser considerado como uma "resposta exacerbada" do organismo frente a um agente antigênico, sendo, na grande maioria das vezes, um vírus ou medicamentos. A etiologia dessa doença ainda é incerta e além dos medicamentos e infecções, como os principais agentes, outros fatores como tumores malignos, doenças autoimunes e radioterapia também podem ser capazes de induzir a doença.
Alguns estudos mostram que os pacientes do gênero masculino são os mais afetados e que o Eritema multiforme apresenta maior predileção por indivíduos entre 20 e 30 anos de idade.
Características Clínicas
O termo "multiforme" representa a amplo espectro de características clínicas que essa doença pode apresentar, lesões bolhosas, ulceradas, erosivas e em crostas frequentemente são visualizadas em pacientes acometidos. O Eritema multiforme pode ser dividido em duas formas: Menor e Maior, sendo esta última, também conhecida como Síndrome de Stevens-Johnson.
O envolvimento cutâneo é bastante variado, mas, as lesões denominadas de "aspecto de alvo" ou "olho de boi" são um achado bastante comum. Essas lesões são descritas assim por apresentarem múltiplos anéis eritematosos e concêntricos. Normalmente são bilaterais e costumam envolver as extremidades. Lesões em placa e papulares também podem ocorrer na pele.
O Eritema multiforme, em boca, é caracterizado por múltiplas lesões ulceradas e erosivas, que frequentemente, acometem os lábios, mucosa jugal e a língua, embora possam ser encontradas em qualquer região oral. Essas lesões costumam ser dolorosas e os pacientes geralmente relatam que as mesmas apareceram após uma "gripe forte" ou após o uso de um determinado medicamento (normalmente analgésicos). Outro achado importante da doença é a presença de lesões em crostas, de aspecto sanguinolento, na região de vermelhão do lábio.
Alguns pacientes podem apresentar febre, prostração, dor de garganta e outros sintomas sistêmicos, principalmente em casos mais agressivos da doença. As lesões do Eritema multiforme são autolimitadas e costumam sofrer remissão entre 2 e 6 semanas após o envolvimento inicial. Casos de recorrência são comumente relatados.
A Síndrome de Stevens-Johnson, ou Eritema multiforme maior, apresenta um curso muito mais agressivo, onde além da mucosa oral e pele serem envolvidas, há o acometimento da região genital e da mucosa ocular. O esôfago e o sistema respiratório também podem apresentar lesões da doença. O Eritema multiforme maior apresenta uma forte relação com o uso medicamentos.
Lesões cutâneas em aspecto de "olho de boi" ou "alvo"
Disponível em: http://www.advanced-dermatology.com.au/erythema-multiforme |
Lesões em mucosa labial e vermelhão do lábio (bastante característico
do acometimento oral pela doença)
Disponível em: dermis.net |
Ulcerações extensas em lábio inferior
Disponível em: http://www.juniordentist.com/drugs-causing-erythema-multiforme.html |
Lesões ulceradas em língua
Disponível em:https://www.studyblue.com/notes/note/n/mucosal-diseases-2-pics/deck/1029235 |
Crostas sanguinolentas em vermelhão de lábio. Também é possível observar
lesões ulceradas em mucosa jugal e língua.
Disponível em: http://www.jomfp.in/article.asp?issn=0973-029X;year=2012;volume=16;issue=1;spage=145;epage=148;aulast=Joseph |
Características Histopatológicas
As análises microscópicas do Eritema multiforme costumam demonstrar necrose das células da camada basal do epitélio, bem como áreas de formação de vesículas sub ou intraepiteliais. No interior dessas vesículas, podemos encontrar células necróticas e eosinófilos. O tecido conjuntivo adjacente exibe um infiltrado inflamatório misto. Esse infiltrado também pode ser encontrado ao redor dos vasos sanguíneos, como em outras doenças como a Sífilis e a Granulomatose de Wegener, por exemplo. Outras lesões em que podemos observar a presença de vesículas sub ou intraepiteliais são o penfigoide e o pênfigo, respectivamente.
Área de ulceração e formação de vesícula subepitelial. Adjacente ao tecido epitelial, podemos
observar a presença de um infiltrado inflamatório.
Disponível em: http://www.dermpedia.org/node/11936 |
Na imagem abaixo podemos observar degeneração da camada de células basais e
exocitose.
Disponível em: http://www.dermpedia.org/node/11936 |
Infiltrado inflamatório próximo ao tecido epitelial e ao redor de alguns vasos
Disponível em: http://www.dermpedia.org/node/11936 |
Tratamento e Diagnóstico
Para o correto diagnóstico dessa doença, é necessário a correlação entre os exames clínicos e histopatológicos. Como a microscopia não é específica, a analise clínica e o histórico do paciente são soberanos no diagnóstico final do Eritema multiforme.
Como já mencionado, as lesões dessa doença são autolimitadas, ou seja, desaparecem automaticamente entre 2 e 6 semanas desde o primeiro sinal. O tratamento de suporte, com o objetivo de reduzir a dor do paciente é necessário. O medicamento suspeito de ter causado a doença deve ser descontinuado.
Referências:
JOSEPH, T. Isaac et al. Drug induced oral erythema multiforme: A rare and less recognized variant of erythema multiforme. Journal of Oral and Maxillofacial Pathology, v. 16, n. 1, p. 145, 2012.
NEVILLE, B.W.; DAMM, D.D.; ALLEN, C.M.; BOUQUOT, J.E. Patologia Oral e Maxilofacial. Trad.3a Ed., Rio de Janeiro: Elsevier, 2009, 972p.
REGEZI, J.A; SCIUBA, J.J; JORDAN R.C.K. Patologia Oral: Correlações Clinicopatológicas. 6ª edição. Elsevier, 2013.
JOSEPH, T. Isaac et al. Drug induced oral erythema multiforme: A rare and less recognized variant of erythema multiforme. Journal of Oral and Maxillofacial Pathology, v. 16, n. 1, p. 145, 2012.
NEVILLE, B.W.; DAMM, D.D.; ALLEN, C.M.; BOUQUOT, J.E. Patologia Oral e Maxilofacial. Trad.3a Ed., Rio de Janeiro: Elsevier, 2009, 972p.
REGEZI, J.A; SCIUBA, J.J; JORDAN R.C.K. Patologia Oral: Correlações Clinicopatológicas. 6ª edição. Elsevier, 2013.
WOO, S. B. Atlas de patologia oral. 1. ed. - Rio de Janeiro : Elsevier, 2013.