Doenças Infecciosas - Sarampo
O Sarampo é uma doença causada por um vírus da família Paramixovírus, um vírus de DNA altamente contagioso, que é disseminado por gotículas de saliva ou secreção pelo ar ao trato respiratório. Esse vírus pode permanecer viável no ar ou em superfícies por até duas horas, aproximadamente.
Mesmo com a vacinação bastante efetiva, a doença continua sendo uma importante causa de mortalidade infantil, principalmente em países subdesenvolvidos, onde parte da população não possui acesso à vacina. De acordo com a Organização Pan-americana de Saúde (OPAS) e a Organização Mundial de Saúde (OMS), em 2016, quase 90 mil pessoas morreram pela doença, sendo crianças abaixo dos 5 anos, a maioria desses.
Durante os anos de 2000 a 2016, a vacinação contra o sarampo evitou a morte de cerca de 20 milhões de indivíduos, diminuindo 84% dos casos de morte pela doença.
Atualmente, o Brasil enfrenta um surto dessa doença, sendo a região Norte (principalmente Amazonas e Roraima) a mais acometida, com cerca de 1600 casos. Até setembro de 2018, foram notificados cerca de 1900 casos de sarampo no Brasil. Esse surto fez com que as ações coletivas de saúde envolvendo a vacinação e conscientização da população fossem intensificadas.
A cavidade oral apresenta uma manifestação específica na doença, por isso, é importante o envolvimento dos profissionais de saúde bucal (na verdade, de todos os profissionais de saúde) para o diagnóstico, notificação e auxílio no tratamento sintomático dessa enfermidade.
Características Clínicas e Histopatológicas
Os sinais e sintomas sistêmicos relacionados ao sarampo costumam aparecer após um período de incubação de 10 a 12 dias. Essa sintomatologia inclui: Febre, prostração, coriza, tosse e fotofobia. Esse período da doença pode ser conhecido como os 3 "C's": Coriza, Conjuntivite e Tosse (O terceiro "C" vem do inglês Cough). Cerca de um a dois dias do aparecimento desses sintomas, manchas eritematosas contendo pequenas áreas esbranquiçadas ou levemente azuladas podem ser observadas na mucosa jugal dos pacientes, e em alguns casos no palato e mucosa labial. Essas lesões maculares são chamadas de Manchas de Koplik, sendo consideradas patognomônicas do sarampo.
As manchas de Koplik são um dos primeiros sinais visíveis do sarampo e são formadas por focos de necrose epitelial. Os patologistas descrevem clinicamente a lesão como "grãos de sal em um fundo vermelho". Essas lesões maculares são, sem dúvidas, a principal característica oral da doença, mas outras manifestações podem ocorrer na boca, são exemplos: candidose; gengivite ulcerativa necrosante; alterações na odontogênese (hipoplasias); e aumento dos tecidos linfoides.
Cerca de um a dois dias após o aparecimento das lesões em cavidade oral, tem inicio o acometimento cutâneo pela doença. Essas lesões maculopapulares em pele, normalmente, se iniciam pela região da cabeça e pescoço e se dirigem ao tronco e as extremidades, por volta de 3 dias. As lesões em pele duram cerca de 5 a 6 dias, quando desaparecem e descamam.
O sarampo, quando em crianças e imunossuprimidos pode apresentar um curso clínico diferente, podendo ser mais agressivo ou mais propenso a ocorrer complicações. Em pacientes pediátricos, algumas complicações como otites, doenças respiratórias e diarreias podem estar associadas à doença. Nos pacientes imunocomprometidos as alterações são mais agressivas, podendo em muitos casos levar à morte, sendo a pneumonite, a principal complicação.
O vírus do sarampo é transmitido de uma pessoa para outra cerca de 4 dias antes e 4 dias depois do aparecimentos do exantema.
O exame histopatológico não é muito utilizado para o diagnóstico do sarampo, sendo este, um diagnóstico clínico ou laboratorial (sorologia). As manchas de Koplik, ao microscópio, exibem hiperparaceratose e o tecido epitelial subjacente demonstra espongiose e edema intracelular e disceratose. Algumas células gigantes contendo múltiplos núcleos também são bastante características. Inclusões de coloração rosa podem ser observadas no núcleo ou no citoplasma de células epiteliais, essas inclusões são observadas de forma mais nítida em microscopia eletrônica e representam o paramixovírus.
Disponível em: https://www.aafp.org/afp/2017/0601/p729.html |
Disponível em: http://www.zdravotnickydenik.cz/2018/05/dalsich-500-zdravotniku-praze-bude-ockovano-spalnickam/ |
Disponível em: https://www.alamy.pt/foto-imagem-sarampo-589591.html |
Disponível em: https://www.medicalnewstoday.com/articles/37135.php |
Tratamento e Prevenção
Não existe tratamento específico para o sarampo. É uma doença auto-limitada, sendo encerrada apenas após todo o ciclo viral. A terapia de suporte é o indicado e inclui repouso, aumento na ingestão de água e uso de analgésicos para o controle da dor e febre. Pacientes imunocomprometidos podem precisar de outras terapias, como o uso de interferon, imunoglobulina e vitamina A.
A vacinação é forma mais efetiva de prevenção, sendo responsável pela grande diminuição da mortalidade pelo sarampo, como já mencionado no texto. No Brasil, a vacina de prevenção do sarampo é a tríplice viral (ou SRC), que confere imunidade a três doenças virais (sarampo, caxumba e rubéola). A vacinação da tríplice viral é feita em dose única, sendo de sucesso inquestionável.
Disponível em: https://www.politifact.com/truth-o-meter/article/2015/feb/13/fact-checking-vaccines-and-measles/ |
Referências
Anvisa - Serviços Odontológicos: Prevenção e controle de riscos, 2006.
NEVILLE, B.W.; DAMM, D.D.; ALLEN, C.M.; BOUQUOT, J.E. Patologia Oral e Maxilofacial. Trad.3a Ed., Rio de Janeiro: Elsevier, 2009, 972p.
REGEZI, J.A; SCIUBA, J.J; JORDAN R.C.K. Patologia Oral: Correlações Clinicopatológicas. 6ª edição. Elsevier, 2013.