Emergências na Odontologia - Prevenção e Tratamento (II)
A parte inicial das emergências médicas na odontologia podem ser acessadas AQUI
Hipotensão Ortostática
Convulsão
Hipoglicemia
A parte inicial das emergências médicas na odontologia podem ser acessadas AQUI
Alterações da Consciência
Síncope
Síncope
Várias situações emergenciais podem provocar alterações na consciência, as mais comuns são: síncope vasovagal, hipotensão ortostática, convulsão, hipoglicemia, alterações na tireoide e suprarrenais e comprometimento vascular cerebral.
A causa mais comum de alteração da consciência na odontologia é a síncope vasovagal, que pode ser decorrente de situações de estresse e ansiedade. Nela, ocorre diminuição da oxigenação cerebral, bem como bradicardia e diminuição resistência vascular periférica. De forma simplificada os eventos metabólicos que causam essa condição são:
1- Situação de estresse e ansiedade; 2- Aumento excessivo das catecolaminas; 3- Diminuição da resistência vascular periférica; 4- Taquicardia; 5- O sangue passa a circular mais nas periferias; 6- Diminuição da pressão arterial e bradicardia; 7- Diminuição da oxigenação cerebral; 8- Síncope.
Os sinais e sintomas mais observados são: tontura, calor, palidez, sudorese, fraqueza, náuseas, etc. O cirurgião-dentista, quando diante de casos como esse, deve posicionar o paciente em posição supina, com os pés levemente posicionados acima da cabeça (posição de Trendelemburg). Uma toalha fria pode ser colocada na testa do paciente. Se necessário, um neuroestimulador (ex: amônia) pode ser utilizado, caso o paciente tenha perdido a memória. Após a crise, é necessário que o paciente fique em observação por pelo menos uma hora, só assim, deverá ser liberado e ter sua consulta adiada.
A melhor forma de evitar um quadro de síncope é pelo protocolo de redução da ansiedade, já mencionado na postagem anterior.
Disponível em:https://medsimples.com/sincope-vasovagal/ |
Hipotensão Ortostática
A hipotensão ortostática ou postural é mais observada em pacientes que utilizam muitos medicamentos, principalmente os anti-hipertensivos como os diuréticos e os betabloqueadores. Essa condição ocorre pela diminuição da circulação periférica, causando isquemia cerebral quando o paciente altera de posição de forma abrupta (da posição supina para ereta, por exemplo). Os principais sintomas são a tontura ou o desmaio. A melhor forma de evitar essa condição é instruindo o paciente a mudar de posição de forma lenta e gradual.
Caso já tenha havido desmaio, o paciente deve ser posto em posição supina, com os pés levemente elevados, acima da cabeça (posição de Trendelemburg), assim como na situação anterior.
Convulsão
Os pacientes com histórico de crises convulsivas devem ser submetidos a uma rigorosa anamnese, principalmente em relação à frequência das crises, o que geralmente ocasiona as mesmas e sobre o controle da doença, bem como sua etiologia. Os pacientes com a doença bem controlada podem ser submetidos ao tratamento odontológico normalmente.
Os ataques convulsivos podem apresentar diversas etiologias, podem ser causados por hiperglicemia, superdosagem do anestésico, síncope e etc. Pacientes com crises frequentes usam medicação anticonvulsivante, e isso deve ser levado em consideração (interações medicamentosas).
Durante uma crise hipertensiva, as vias aéreas do paciente devem sempre ser avaliadas e mantidas, quando houver vômito ou secreções, a cabeça dele deve ser virada para o lado para permitir que o conteúdo seja eliminado e não ocasione obstrução das vias. O uso de sugadores de alta potência pode ser de grande ajuda. Posicionar a cabeça do paciente levemente flexionada para trás (mento mais distante do esterno) auxilia na manutenção das vias aéreas. Caso se perceba uma crise de apneia maior que 30 segundos, as manobras de suporte à vida devem ser iniciadas. o uso de midazolam por via intramuscular pode ser de grande auxílio em crises epiléticas (múltiplas convulsões em pouco tempo). Após as crises, os pacientes costumam ficar sonolentos ou mesmo inconscientes.
De forma simplificada, o cirurgião-dentista deverá agir da seguinte forma:
1- Suspender o tratamento; 2- Colocar o paciente em posição supina (decúbito dorsal); 3- Proteção do paciente (como já mencionado acima); 4.1- Se inconsciente, chamar assistência médica, suplementação com oxigênio e iniciar as manobras de suporte básico de vida; 4.2- Se consciente, suplementação com oxigênio, manutenção das vias respiratórias e contactar o médico do paciente após a crise; 5- O paciente deve ser observado por uma hora antes de ser liberado.
Disponível em:http://messiasonline.blogspot.com/2012/06/convulsao-um-lapso-passageiro.html |
O diabetes melitos é uma doença endócrina relacionada com o descontrole da atividade da insulina, podendo ser provocada pela diminuição de sua produção ou por falha nos receptores. Com isso, a glicose se acumula na corrente sanguínea até ultrapassar os limites aceitáveis, causando glicosúria. O diabetes pode ser dividido em tipo I e II. O primeiro tipo (insulino-dependetes) normalmente ocorre na infância ou adolescência, sendo caracterizada pela destruição autoimune dos ácinos pancreáticos. o tipo II é mais prevalente em pacientes de meia-idade, sendo relacionado ao sedentarismo e obesidade. Os paciente com o tipo II fazem uso de hipoglicemiantes.
Nos pacientes com diabetes, a hipoglicemia é o principal fator de emergência numa consulta odontológica. Como sabemos, a glicose no sangue de um diabético tipo I é resultado da insulina administrada, dos níveis de glicose advindos de outras fontes e da utilização da mesma pelo organismo. Qualquer alteração nesses 3 fatores pode provocar problemas para o paciente, sendo o mais comum, a hiperglicemia.
Os níveis de glicose costumam diminuir em 3 situações principais:
*Aumento da insulina administrada
*Diminuição da dieta calórica
*Aumento do metabolismo (Situações de exercício físico; estresse; e infecções)
As alterações comuns de uma hipoglicemia incluem: fome, alteração de humor, letargia, fraqueza, náuseas, taquicardia. Esses sintomas podem evoluir para hipotensão, desmaio e inconsciência. Os pacientes com essa condição conhecem os sintomas de uma hipoglicemia e costumam comer um doce ou outro calórico, evitando que a hipoglicemia evolua. Caso esse método não surta efeito e o paciente fique inconsciente, uma solução de dextrose 50% e água deve ser administrado via endovenosa. Outra opção é a administração de 1mg de glucagon. A epinefrina 0,3mg 1:1000 pode ser utilizada caso não se tenha resposta. O paciente deverá ser avaliado por uma hora antes de ser liberado do consultório odontológico.
Insuficiência Adrenal
As doenças adrenais primárias, como a doença de Addison, são bastante raras, mas as formas secundárias são visualizadas com relativa frequência, principalmente nos pacientes que fazem uso de medicações corticosteroides (20mg de hidrocortisona por mais de duas semanas, no ano que antecede a cirurgia oral).
Os sinais e sintomas mais relacionados com essa condição são: Confusão mental, dor abdominal, mialgia, sensação de cansaço, hipotensão e perda total ou parcial da consciência. De forma simplificada, a conduta deve incluir os seguintes passos:
1- Suspender o tratamento; 2- Posicionar o paciente na posição de Trendelemburg; 3- Administrar hidrocortisona 100mg por via intravenosa; 4- Chamar assistência médica; 5- Administrar oxigênio; 6- Gotejamento de solução cristaloide (dextrose 5%) e manutenção das vias.
Comprometimento Vascular Cerebral
Alterações vasculares cerebrais são bastante sérias e, basicamente, podem ocorrer sob 3 formas: Embolização por um corpo distante; formação de um trombo em um vaso encefálico; ou pela ruptura de um vaso (normalmente associados a aneurismas).
Não há muito a se fazer nesses casos, o mais importante é confortar o paciente e contactar de forma rápida a emergência médica externa. Os sinais e sintomas são dor de cabeça, fraqueza nos membros (uni ou bilateral), convulsões e distúrbios visuais.
Reações de superdosagem
Reações de superdosagem na odontologia são mais comuns quando em relação aos anestésicos locais, por isso, essas medicações devem sempre ser administradas com o adequando planejamento, levando em consideração as particularidades de cada paciente.
Diferente da alergia, a superdosagem, obviamente, depende da dose da medicação administrada, ou seja, está relacionada com a quantidade de droga administrada. Na normalidade, a droga é absorvida e distribuída para o corpo pela corrente sanguínea, ao passo que é biotransformada e excretada. Caso o metabolismo do indivíduo esteja alterado , o ciclo normal da droga será prejudicado e a mesma poderá passar mais tempo no organismo produzindo seus efeitos (por um problema na excreção ou biotransformação, por exemplo). Assim, podemos deduzir que um paciente sistemicamente comprometido é mais susceptível a uma superdosagem que um paciente saudável.
Os fatores predisponentes para a superdosagem podem ser divididos em "fatores do paciente" ou "fatores do medicamento". Os fatores do paciente incluem: peso, sexo, idade, outras medicações em uso, doenças e genética. Os fatores do medicamento são: dose, via de administração, farmacocinética e farmacodinâmica da droga, concentração e velocidade de injeção.
Em relação aos anestésicos locais (mais comum de ocorrer na clínica). os "alvos" da droga são o SNC e o coração, por isso, os sinais e sintomas observados na superdosagem aos anestésicos são: Loquacidade, fala indistinta, euforia, sudorese, vômito, zumbido, tontura, pressão sanguínea elevada e até perda da consciência. Níveis mais altos da droga podem provocar quadros mais graves como convulsões, hipotensão e bradicardia.
As reações costumam ser rápidas, com os níveis do anestésico diminuindo gradativamente nos órgãos pela distribuição da droga. Na maioria dos casos, apenas suplemento com oxigênioé administrado. As vias aéreas, circulação e consciência devem ser sempre avaliadas e mantidas.
Insuficiência Adrenal
As doenças adrenais primárias, como a doença de Addison, são bastante raras, mas as formas secundárias são visualizadas com relativa frequência, principalmente nos pacientes que fazem uso de medicações corticosteroides (20mg de hidrocortisona por mais de duas semanas, no ano que antecede a cirurgia oral).
Os sinais e sintomas mais relacionados com essa condição são: Confusão mental, dor abdominal, mialgia, sensação de cansaço, hipotensão e perda total ou parcial da consciência. De forma simplificada, a conduta deve incluir os seguintes passos:
1- Suspender o tratamento; 2- Posicionar o paciente na posição de Trendelemburg; 3- Administrar hidrocortisona 100mg por via intravenosa; 4- Chamar assistência médica; 5- Administrar oxigênio; 6- Gotejamento de solução cristaloide (dextrose 5%) e manutenção das vias.
Comprometimento Vascular Cerebral
Alterações vasculares cerebrais são bastante sérias e, basicamente, podem ocorrer sob 3 formas: Embolização por um corpo distante; formação de um trombo em um vaso encefálico; ou pela ruptura de um vaso (normalmente associados a aneurismas).
Não há muito a se fazer nesses casos, o mais importante é confortar o paciente e contactar de forma rápida a emergência médica externa. Os sinais e sintomas são dor de cabeça, fraqueza nos membros (uni ou bilateral), convulsões e distúrbios visuais.
Reações de superdosagem
Reações de superdosagem na odontologia são mais comuns quando em relação aos anestésicos locais, por isso, essas medicações devem sempre ser administradas com o adequando planejamento, levando em consideração as particularidades de cada paciente.
Diferente da alergia, a superdosagem, obviamente, depende da dose da medicação administrada, ou seja, está relacionada com a quantidade de droga administrada. Na normalidade, a droga é absorvida e distribuída para o corpo pela corrente sanguínea, ao passo que é biotransformada e excretada. Caso o metabolismo do indivíduo esteja alterado , o ciclo normal da droga será prejudicado e a mesma poderá passar mais tempo no organismo produzindo seus efeitos (por um problema na excreção ou biotransformação, por exemplo). Assim, podemos deduzir que um paciente sistemicamente comprometido é mais susceptível a uma superdosagem que um paciente saudável.
Os fatores predisponentes para a superdosagem podem ser divididos em "fatores do paciente" ou "fatores do medicamento". Os fatores do paciente incluem: peso, sexo, idade, outras medicações em uso, doenças e genética. Os fatores do medicamento são: dose, via de administração, farmacocinética e farmacodinâmica da droga, concentração e velocidade de injeção.
Em relação aos anestésicos locais (mais comum de ocorrer na clínica). os "alvos" da droga são o SNC e o coração, por isso, os sinais e sintomas observados na superdosagem aos anestésicos são: Loquacidade, fala indistinta, euforia, sudorese, vômito, zumbido, tontura, pressão sanguínea elevada e até perda da consciência. Níveis mais altos da droga podem provocar quadros mais graves como convulsões, hipotensão e bradicardia.
As reações costumam ser rápidas, com os níveis do anestésico diminuindo gradativamente nos órgãos pela distribuição da droga. Na maioria dos casos, apenas suplemento com oxigênioé administrado. As vias aéreas, circulação e consciência devem ser sempre avaliadas e mantidas.
Disponível em: https://www.odontologistas.com.br/odontologistas/acidentes-e-complicacoes-com-anestesicos-locais/ |
Referências:
DE ANDRADE, Eduardo Dias. Terapêutica medicamentosa em odontologia. Artes Médicas Editora, 2014.
HUPP, James; ELLIS, Edward; TUCKER, Myron R. Cirurgia oral e maxilofacial contemporânea. Elsevier Brasil, 2015.
LÚCIO, Priscilla Suassuna Carneiro; DE CASTRO BARRETO, Rosimar. Emergências médicas no consultório odontológico e a (in) segurança dos profissionais. Revista Brasileira de Ciências da Saúde, v. 16, n. 2, p. 267-272, 2012.
MALAMED, Stanley F. Emergências Médicas em Odontologia. Elsevier Brasil, 2018.