Cistos e Tumores Odontogênicos: Ceratocisto Odontogênico
O Tumor odontogênico ceratocistico (mais conhecido por ceratocisto odontogênico - CO), quando considerado como um cisto, representa de 3% a 11% de todos os cistos de origem odontogênica. Essa lesão tem origem a partir da lâmina dentária. Diferentemente do cisto radicular e do dentígero, que possuem crescimento relacionado com o aumento da pressão osmótica do lúmen cístico, o CO, de acordo com alguns estudos, cresce a partir de fatores de crescimento inerentes ao próprio epitélio ou da atividade da parede cística.
Características Clínicas:
Os Ceratocistos Odontogênicos podem ser encontrados em qualquer idade, mas são mais comuns entre 10 e 40 anos, sendo mais prevalente em homens. Essas lesões são normalmente assintomáticas, mas podem estar relacionadas com edema e dor, raramente há expansão óssea, mesmo nas lesões de grandes extensões. O CO possui predileção pela região posterior do corpo e ramo da mandíbula, essas lesões tendem a crescer seguindo uma direção ântero-posterior. A presença de multiplos ceratocistos ou lesões em pacientes menores que 20 anos de idade, deve-se fazer um exame clínico minucioso para descartar a hipóteses de Síndrome de Gorlin-Goltz (ou Síndrome do carcinoma nevoide basocelular) que é caracterizada pela presença de multiplos carcinomas de células basais e ceratocistos, além de de outras características como calcificação da foice do cérebro, espinha bífida, hipertelorismo, etc.
Características Radiográficas:
Radiograficamente a lesão é caracterizada por uma imagem radiolúcida, com margens regulares e limites bem definidos. Podem se apresentar nas formas multilocular e unilocular, sendo a forma unilocular vista na grande maioria da vezes. Essas lesões podem mimetizar cistos dentígeros, cistos periodontais laterais, ameloblastoma e outras lesões. A reabsorção radicular de dentes próximos a lesão é raro.
Imagem radiolúcida unilocular e bem circunscrita
Disponível em: http://www.aichi-gakuin.ac.jp/ |
Imagem radiolúcida multilocular
Disponível em: http://www.ascro.hr/ |
Imagem radiolúcida associada a um elemento dentário, a lesão
se apresenta semelhante a um cisto dentígero.
Disponível em: http://www.clinicalimagingscience.org/ |
Características Histopatológicas:
Histopatologicamente o ceratocisto odontogênico é caracterizado por apresentar um epitélio escamoso paraceratinizado, normalmente composto de 6 a 8 camadas de células. A superfície desse epitélio apresenta ondulações (corrugações) e sua camada basal apresenta-se hipercromática e em paliçada. Além disso, podemos observar a presença de um cápsula de tecido conjuntivo fibroso, que muitas vezes pode conter pequenas ilhas de epitélio odontogênico. A interface entre o tecido conjuntivo e epitelial é plana.
Na presença de inflamação, todas as características comuns ao ceratocisto são perdidas, nesse caso, observamos a presença de cristas epiteliais, perda da ceratinização e há a presença de infiltrado inflamatórtio crônico.
Existe uma variante, chamada de Cisto Odontogênico Ortoceratinizado, essa variante não apresenta células basais hipercromáticas e em paliçada, além de possuir ortoceratina. Muitos autores preferem considera-la como uma lesão a parte.
CO - Podemos observar Epitélio com superfície paraceratinizada
corrugada e camada basal em paliçada e hipercromática
Disponível em: http://www.ricardosgomez.com/ |
Observar cápsula de tecido conjuntivo fibroso
Disponível em: http://en.wikipedia.org/wiki/Keratocystic_odontogenic_tumour |
CO - Podemos observar Epitélio com superfície paraceratinizada
corrugada e camada basal em paliçada e hipercromática
REGEZI, 2002 |
Tratamento:
A enucleação da lesão seguida de curetagem é o tratamento de escolha para a lesão. Os pacientes devem ser acompanhados durante um longo período de tempo pois essa lesão pode apresentar altas taxas de recidiva. A descompressão com posterior enucleação para cistos maiores pode se uma boa alternativa. Crioterapia e cauterização da cavidade óssea após a remoção do cisto são outras formas de tratamento.
Referência:
ACIOLE, G. T. S, et al. Tumor odontogênico recidivante: tratamento cirúrgico conservador ou radical? Relato de caso clínico. Rev. Cir. Traumatol. Buco-Maxilo-facial, Camaragibe. v. 10, n. 1, p. 43-48, jan/mar. 2010.
MARTORELLI, S. B. F, et al. Tumor odontogênico ceratocístico mandibular: relato de caso e avaliação crítica das formas de tratamento. Int. J. dent, Recife, v. 8, n. 1, p. 50-56, jan/mar. 2009.
NEVILLE, B.W.; DAMM, D.D.; ALLEN, C.M.; BOUQUOT, J.E. Patologia Oral e Maxilofacial. Trad.3a Ed., Rio de Janeiro: Elsevier, p. 972, 2009.
WOO, S.B. Atlas de patologia oral. 1. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. 456 p.