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Granuloma central de células gigantes

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Lesões ósseas - Granuloma central de células gigantes

      O GCCG é uma lesão intraóssea não-neoplásica e incomum que representa cerca de 7% das lesões benignas do complexo maxilomandibular. Sua etiologia ainda permanece desconhecida embora alguns autores acreditem que a lesão tenha função reparadora (em resposta a uma inflamação ou hemorragia no interior do osso). Já outros, através de estudos com imunoistoquímica deduzem que a patologia tenha origem a partir de monócitos.
    Essa lesão pode ocorrer em indivíduos de todas as idades, sendo a grande maioria formada por pessoas com menos de 30 anos e apresenta predileção pelo gênero feminino.

Características Clínicas

    A grande maioria das lesões ocorrem na mandíbula (cerca de 70%), principalmente na região anterior e é caracterizada por um aumento de volume indolor da região afetada. Algumas lesões só são descobertas por meio de exames radiográficos de rotina.
     O GCCG pode ser classificado como agressivo ou não-agressivo. As primeiras, apresentam um curso clínico mais brando, com crescimento lento e sem sintomatologia dolorosa. Já as lesões agressivas se desenvolvem mais rápido e estão associadas com dor, parestesia, perfuração da cortical óssea (com ulceração na mucosa) e reabsorção radicular.
     A síndrome de Noonané uma doença caracterizada pela presença de múltiplos granulomas de células gigantes, cardiopatias, baixa estatura e dismorfismo facial. Outras patologias relacionadas com o GCCG são o querubismo e o tumor marrom do hiperparatireoidismo. O tumor de células gigantes raramente ocorre na região maxilofacial.
    Outras lesões ósseas que promovem aumento de volume na cavidade oral devem ser incluídas no diagnóstico diferencial de um GCCG solitário, dentre eles, oamelobastoma, mixoma odontogênico e o ceratocisto odontogênico.

Aumento de volume da região anterior do palato mole (lado esquerdo) 
Disponível em: http://www.contempclindent.org/article.asp?issn=0976-237X;year=2011;volume=2;issue=3;spage=249;epage=252;aulast=Daryani

Discreto aumento de volume do rebordo alveolar direito
Disponível em: http://www.joaor.org/central-giant-cell-granuloma-of-the-jaw-in-early-childhood-surgical-and-non-surgical-management-article.html



Características Radiográficas

    O GCCG apresenta-se como uma imagem radiolúcida multi ou unilocular de margens bem definidas (ou festonadas) localizada principalmente na região anterior do complexo maxilomandibular. Essas lesões podem ser pequenas, medindo poucos milímetros, ou de grandes dimensões. Na imagem radiográfica é comum observarmos deslocamento dentário e reabsorções radiculares, principalmente em lesões de caráter mais agressivo.
   O diagnóstico diferencial radiográfico é feito com lesões como: Ameloblastoma, mixoma odontogêncio, cisto ósseo aneurismático, cisto ósseo simples, dentre outras lesões.

Imagem radiolúcida multilocular envolvendo o ramo da mandíbula, podemos observar 
que o processo coronoide foi acometido.
Disponível em: http://www.cdi.com.pe/caso-216/granuloma-central-de-celulas-gigantes


Imagem radiolúcida em maxila causando deslocamento dentário, a lesão
mimetiza um TOA.
Disponível em:http://www.contempclindent.org/article.asp?issn=0976-237X;year=2011;volume=2;issue=3;spage=249;epage=252;aulast=Daryani


Lesão radiolúcida localizada em corpo da mandíbula direito. Observar
que as bordas da imagem não apresentam halo radiopaco.
Disponível em: http://seram.pulso.com/modules.php?name=papers&file=preview&sec=7&idpaper=865


Radiografia oclusal exibindo expansão óssea e imagem radiolúcida
multilocular.
Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-39842007000300007


Características Histopatológicas

  Microscopicamente, o GCCG se caracteriza por uma proliferação de células gigantes multinucleadas (semelhantes aos osteoclastos), essas grandes células estão imersas em um tecido conjuntivo frouxo contendo milhares de células fusiformes (que lembram fibroblastos), macrófagos e vasos sanguíneos.              Áreas de extravasamento de eritrócitos e deposição de hemossiderina também são importantes para o diagnóstico. Algumas vezes podemos encontrar áreas com depósitos de material calcificado. Acredita-se que quanto maior a vascularização do tumor, mais agressivo esse se apresentará.
     O tumor marrom do hiperparatireoidismo e o tumor de células gigantes apresentam características histopatológicas bastante similares, sendo que o segundo, apresenta células maiores e com mais núcleos. O cisto ósseo aneurismático também pode apresentar células gigantes multinucleadas em seu componente microscópico, o diagnóstico diferencial deve ser feito a partir da observação de grandes espaços preenchidos por sangue.


 Células gigantes multinucleadas em meio um tecido contendo células fusiformes,
extravasamento de eritrócitos e depósitos de hemossiderina (coloração marrom).
Disponível em: http://imgarcade.com/1/central-giant-cell-granuloma-histology/

Característica histopatológica do GCCG
Disponível em: http://en.wikipedia.org/wiki/Central_giant-cell_granuloma


Diagnóstico e Tratamento

      O diagnóstico da lesão é feito a partir dos exames clínicos, radiográficos e histopatológicos, com isso, podemos determinar o prognóstico e o plano de tratamento do paciente. É importante que seja realizado um exame para detectar os níveis de paratormônio, pois, o tumor marrom do hiperparatireoidismo apresenta características microscópicas idênticas, com esse exame complementar podemos diferenciar as duas lesões.
    O tratamento consiste principalmente na curetagem vigorosa da lesão. Granulomas mais agressivos podem recidivar, necessitando de um procedimento mais invasivo. Outras formas de tratamento como a injeção intralesional de corticosteroide, administração de calcitonina e interferon alfa-2a tem mostrado bons resultados. Os bifosfonatos apresentam potencial para inibição dos osteoclastos, por isso, também tem sido utilizando no combate a lesão, juntamente com a curetagem.

Cirurgia para excisão da lesão.
Disponível em: http://www.ijds.in/functions.php?fuse=23&SrNo=14&CurrentIssue=No&IssueVol=Vol.%204&IssueNumber=Issue%201&ArticleID=224


Referências

BOJAN, Anitha et al. Central giant cell granuloma of the jaw in early childhood: Surgical and non-surgical management. Journal of Advanced Oral Research, v. 3, n. 2, 2012.


DARYANI, Deepak; GOPAKUMAR, R. Central giant cell granuloma mimicking an adenomatoid odontogenic tumor. Contemporary clinical dentistry, v. 2, n. 3, p. 249, 2011.



DIVYALAKSHMI, M. R. et al. Central Giant Cell Granuloma Of The Jaws-A Rare Case Report. Indian Journal of Dental Sciences, v. 4, n. 1, 2012.



NEVILLE, B.W.; DAMM, D.D.; ALLEN, C.M.; BOUQUOT, J.E. Patologia Oral e Maxilofacial. Trad.3a Ed., Rio de Janeiro: Elsevier, 2009, 972p.



NOLETO, José Wilson et al. Aspectos radiológicos e epidemiológicos do granuloma central de células gigantes. Radiologia Brasileira, v. 40, n. 3, p. 167-171, 2007.


REGEZI, J.A; SCIUBA, J.J; JORDAN R.C.K. Patologia Oral: Correlações Clinicopatológicas. 6ª edição. Elsevier, 2013.

WOO, S. B. Atlas de patologia oral. 1. ed. - Rio de Janeiro : Elsevier, 2013.


 

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