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Lesões Fundamentais

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  Lesões Fundamentais


     As lesões que acometem a pele e a mucosa oral podem se apresentar de diversas formas, e é de extrema importância que o clínico esteja familiarizado com as características das lesões, visto que, para um diagnóstico preciso é necessário conhecimento da história clínica da doença e das características da lesão. As lesões fundamentais em boca pode ser classificadas em:

     Mancha/Mácula - É uma modificação na coloração da mucosa, não havendo aumento de volume ou depressão. As máculas pode apresentar diversas colorações, tamanho e formatos. São exemplos de Máculas - Tatuagem por amálgama, Mácula Melanótica, Melanose fisiológica, Nevos Adquiridos e Lesões Leucoplásicas podem se apresentar como máculas.

                                                                      Mácula Melanótica
disponível em: http://www.ricardosgomez.com/




     Placa - A placa é uma lesão onde há uma elevação da superfície em relação ao tecido normal, sua altura é menor que sua extensão. Pode possuir uma superfície lisa, rugosa, verrucosa ou ondulada. São exemplos de Placas - Leucoplasia, Liquen Plano, Nevo Branco Esponjoso, Candidose.


Leucoplasia
Disponível em: http://www.odontologiadiferenciada.com.br


                     
     Erosão - A erosão é caracterizada pela perda de camadas do tecido epitelial sem que haja a exposição do tecido conjuntivo subjacente. São exemplos de erosão - Língua Geográfica, Candidose Eritematosa.

Eritema Migratório/Língua Geográfica
Disponível em: http://www.precepta.com.br/

     Ulcera/Ulceração - São caracterizadas pela perda de camadas do tecido epitelial havendo exposição do tecido conjuntivo subjacente. As ulceras são lesões de caráter crônico, persistem por mais tempo. São exemplos de Ulceras - Aftas, Eritema Multiforme, Lúpus Eritematoso, Lesões da Sífilis Secundária, Síndrome de Behçet. As ulcerações são lesões de curta duração - Ulceração traumática.


Ulcera Aftosa Recorrente
Disponível em: http://clinicaubiratadeoliveira.blogspot.com.br/



Sífilis
Disponível em: http://www.ricardosgomez.com/



     Vesícula/Bolha - São caracterizadas por uma elevação do epitélio, contendo líquido em seu interior. Vesículas e bolhas diferenciam-se apenas pelo tamanho. As vesículas são lesões que não ultrapassem 3mm no seu maior diâmetro. As bolhas são lesões que ultrapassam 3mm no seu maior diâmetro. Pênfigo Vulgar, Herpes Simples, Mucocele, Angina Bolhosa Hemorrágica - são exemplos.

Herpes Labial
Disponível em: http://odontologialomas.blogspot.com.br/


Rânula
Disponível em: http://cac-php.unioeste.br/projetos/patologia/inicial.php


     Pápula - As pápulas são lesões de pequeno tamanho, sólidas, circunscritas e elevadas, cujo diâmetro não ultrapasse 5mm. Podem ser únicas ou múltiplas. Hiperplasia Papilar Inflamatória, Líquen Plano (Lesões cutâneas), Grânulos de Fordyce - são exemplos.

Grânulos de Fordyce
Disponível em: http://www.dermatologia.net/


Hiperplasia Papilar Inflamatória
Disponível em: http://www.sdpt.net/


     Nódulo - São lesões sólidas, circunscritas de localização superficial ou profunda, formado por tecido epitelial, conjuntivo ou misto. Podem ser sésseis, quando sua base de implantação for maior que sua altura, ou Pediculado, quando sua altura é maior. São exemplos de lesões nodulares - Fibroma, Granuloma Piogênico, Lipomas, Tumores glandulares, Papiloma.


Adenoma Pleomórfico
Disponível em: http://www.ricardosgomez.com/


Lipoma
Disponível em: http://www.ricardosgomez.com/





Alterações do Desenvolvimento e Variação da Normalidade (I)

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Alterações do Desenvolvimento e Variações da Normalidade (Parte 1)


Grânulos de Fordyce

     Os Grânulos de Fordyce são glândulas sebáceas ectópicas que ocorrem na mucosa jugal. Por ser facilmente encontrado na população (cerca de 80%), essa lesão é considerada como uma variação anatômica normal. Os Grânulos se apresentam como pápulas amareladas, bilaterais e simétricas. Normalmente são encontradas na mucosa jugal e labial, mas também podem aparecer na mucosa da região retromolar e no pilar amigdaliano anterior (Arco Palatoglosso). Essas lesões são assintomáticas, mas, alguns pacientes relatam sentir uma leve rugosidade na mucosa. Pelo fato das lesões serem consideradas uma variação normal e serem assintomáticas, não há necessidade de tratamento.


Disponível em: http://www.dermatologia.net/


Disponível em: http://www.dermatologia.net/


Língua Fissurada

     Essa lesão ainda possui etiologia incerta, mas, sabe-se que fatores genéticos, ambientais e a idade podem contribuir no seu desenvolvimento. Essa malformação é caracterizada por diversos sulcos (de profundidade variável) na superfície dorsal da língua. Essa condição é assintomática, mas, alguns pacientes relatam ardência ou dor (sintomas discretos). Existe uma forte associação entre língua fissurada e língua geográfica, acredita-se que o mesmo gene esteja relacionado com as duas condições. Por ser uma condição benigna, não há necessidade de tratamento.




Disponível em;http://www.odontoblogia.com.br/
  
Língua Geográfica (Eritema Migratório)

     A Língua Geográfica é uma condição de etiologia ainda desconhecida que é caracterizada pela presença de áreas avermelhadas na superfície dorsal da língua (despapilação),variando em poucas horas. A lesão também pode ocorrer em outros locais da mucosa oral como na mucosa jugal, labial e menos frequentemente no palato mole.
     A condição é benigna, não havendo necessidade de tratamento. Para os pacientes que relatam ardencia intensa, pode ser recomendado o uso de um corticosteroide tópico, como a betametasona.


Disponível em:http://dentalpb.blogspot.com.br/

Língua Pilosa

     A Língua pilosa é causada por uma hipertrofia das papilas filiformes da língua. A lesão pode  apresentar cor amarelada até negra devido a impregnação de elementos externos como o tabaco, alimentos e medicamentos. A etiologia da doença não é conhecida, acredita-se que esteja relacionada com debilitação geral, higiene oral deficiente e histórico de radioterapia na região de cabeça e pescoço. O tabaco provavelmente tem importância na etiologia da doença, pois, muitos pacientes afetados são tabagistas crônicos.
     Não existe um tratamento específico, a correta higienização da língua pode ajudar na eliminação de restos alimentares e pigmentos que se acumulam por entre as papilas, além de ajudar na descamação da ceratina.

Disponível em: http://profissaodentista.com.br/lingua-pilosa/



Disponível em: http://www.dermis.net/



Disponível em: http://profissaodentista.com.br/lingua-pilosa/

Varicosidades (Varizes)

     Muito comum em pessoas acima dos 60 anos, as varicosidades sublinguais são vesículas papulares, arroxeadas, localizadas no ventre lingual. Essas varizes são veias tortuosas e dilatadas, acredita-se que ocorre devido a perda de tônus do tecido conjuntivo que suporta os vasos. Essas lesões podem ocorrer em outros lugares como Lábio e mucosa jugal. Não há necessidade de tratamento.

Disponível em:http://www.odontocat.com/


Lesões Fibro-Ósseas - Displasia Fibrosa

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Displasia Fibrosa


     A Displasia Fibrosa é uma lesão fibro-óssea caracterizada pela substituição do tecido ósseo normal por tecido fibroso imaturo. Ainda existe muita confusão no que diz respeito a etiologia da doença, mas, sabe-se que a Displasia está relacionada com a mutação do gene GNAS1. A mutação pode ocorrer durante o desenvolvimento embrionário ou durante a vida pós-natal, a severidade das características clinicas da lesão, estão diretamente ligadas ao momento em que ocorre a mutação. Se a mutação ocorrer nos estágios iniciais do desenvolvimento embrionário as células tronco responsáveis pela diferenciação em osteoblastos, melanócitos e células endócrinas ficarão comprometidas, ocasionando múltiplas lesões ósseas, pigmentação cutânea e problemas endócrinos. A mutação ocorrendo apenas nas células progenitoras dos osteoblastos (Em um estágio mais tardio do desenvolvimento embrionário) o indivíduo apresentará múltiplas lesões ósseas de displasia fibrosa. Enfim, se a mutação ocorre durante a vida pós-natal, a geração de células mutadas darão origem a lesões de displasia fibrosa em apenas um  único osso.

Aspecto Clínico da Lesão
Disponível em:http://www.uv.es/medicina-oral/caso-clinico8.htm


Disponível em: http://www.omicsonline.org/monostotic-fibrous-dysplasia-a-case-report-2161-1122.1000167.php?aid=20115


     A Displasia Fibrosa pode se apresentar na forma monostótica (quando apenas um osso é acometido) ou na forma Poliostótica (quando mais de um osso é acometido). A forma poliostótica, além das lesões ósseas, pode está relacionada com pigmentação cutânea (manchas café-com-leite) e distúrbios endócrinos.

Displasia Fibrosa Monostótica

     A Displasia Fibrosa Monostótica é uma lesão benigna, de crescimento lento que afeta ambos os sexos igualmente, é comum o acometimento de pessoas nas primeiras duas décadas de vida. A lesão se apresenta como um aumento de volume indolor, sendo a maxila mais envolvida que a mandíbula. O envolvimento mandibular pode estar relacionado com expansão das corticais ósseas, abaulamento da margem inferior e deslocamento do canal alveolar inferior.
     Normalmente as lesões em maxilas acometem outros ossos adjacentes como o zigomático e o esfenoide, não sendo realmente "monostótica", por isso, quando a lesão é maxilar, é mais correto a termo Displasia Fibrosa Craniofacial.
     A lesão apresenta como característica radiográfica principal o aspecto de "vidro despolido", que seria uma área levemente radiopaca que funde-se ao osso sadio. As lesões iniciais podem se apresentar como radiolúcidas ou mistas.


Disponível em: https://picasaweb.google.com/113834108691571736445



Aspecto Radiográfico - "Vidro Despolido"

Disponível em:http://www.paulogalvaoradiologiaoral.com.br/





Disponível em:http://www.paulogalvaoradiologiaoral.com.br/

 
Displasia Fibrosa Poliostótica

     A Displasia Fibrosa Poliostótica ocorre quando há o acometimento de dois ou mais ossos, esta lesão, quando associada a manchas cutâneas ("café au lait") é chamada de síndrome de Jaffe-Linchtenstein. Quando associada a manchas cutâneas e distúrbios endócrinos é denominada de Síndrome de McCune-Albright. As lesões ósseas geralmente são encontradas nos ossos longos, embora o crânio e os ossos gnáticos possam ser afetados. Dor, discrepância no comprimento das pernas e hipofosfatemia podem estar associados a esta condição.
     As manchas café com leite da Displasia Fibrosa Poliostótica podem ser diferenciadas das lesões pigmentadas da Neurofibromatose por suas margens, as lesões da primeira são mais irregulares diferentes da segunda que são mais suaves. Quanto ao distúrbio endócrino encontrado na síndrome de McCune-Albright, o mais comum deles é a precocidade sexual, principalmente indivíduos do sexo feminino.



Pigmentação Café com Leite
Disponível em:http://history.nih.gov/exhibits/rodbell/5_4_rodbell.htm


Histopatologia 

     A Displasia fibrosa é caracterizada histopatologicamente pela presença de trabéculas ósseas irregulares e imaturas, imersas em um estroma celular fibroso arranjado frouxamente. As trabéculas assumem um formato curvo sendo semelhantes a "escrita chinesa". Lesões mais maduras podem apresentar Trabéculas mais espessas formadas por osso lamelar. A lesão não apresenta capsula fibrosa.


Trabéculas ósseas em um estroma fibroso
Disponível em:http://www.displasia.es/



Disponível em:http://patoral.umayor.cl/atlaspatoral1/atlas_patoral1.html

Referências:

NEVILLE, B.W.; DAMM, D.D.; ALLEN, C.M.; BOUQUOT, J.E. Patologia Oral e Maxilofacial. Trad.3a Ed., Rio de Janeiro: Elsevier, 2009, 972p.

SIMONATO, L.E. et al. Displasia fibrosa monostótica: relato de caso com acompanhamento clínico/radiográfico de 10 anos. Salusvita, Bauru, v. 28, n.1, p. 73-84, 2009.



COSTANZI, M. A. CRUZ, A. A. V. Envolvimento orbitário difuso por displasia fibrosa na síndrome de McCune Albright: relato de caso. Arq. Bras. Oftalmol,  São Paulo ,  v. 70, n. 6, Dec.  2007.

ALVES, A. L. et al . Displasia fibrosa: relato de três casos. Rev. Bras. Otorrinolaringol.,  São Paulo ,  v. 68, n. 2, Mar.  2002.

CANITEZER G, GUNDUZ, K. OZDEN, B. KOSE, H. I. Monostotic Fibrous Dysplasia:A Case Report, Dentistry, Samsun, 2013. 






Doenças Sistêmicas - Hipotireoidismo e Hipertireoidismo

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Manifestações Orais de Doenças Sistêmicas (Parte 1)

Hipotireoidismo

     É uma condição causada pela diminuição dos hormônios produzidos pela tireoide (T3 e T4). Quando ocorre na infância, é denominada cretinismo. Na idade adulta provoca o acúmulo de substância amorfa rica em glicosaminoglicanos nos tecidos, provocando um edema não compressivo, essa condição é chamada de mixedema. A doença pode ser primária ou secundária:
-Primária: A própria tireoide apresenta alguma anormalidade que impede a liberação de seus hormônios.
-Secundária: A hipófise não produz quantidades suficientes do hormônio de estimulação da tireoide (TSH), geralmente isso ocorre após radioterapias para o tratamento de tumores cerebrais.
     Os Hormônios secretados pela tireoide são de extrema importância para o metabolismo celular do organismo, por isso, muitos dos sinais e sintomas clínicos do hipotireoidismo podem estar relacionados com a taxa de metabolismo diminuída nesses pacientes.
     O Hipotireodismo pode ser causado por: Hipoplasia ou agenesia da glândula tireoide, Terapia (iodo radioativo) ou cirurgia para tratamento do hipertireoidismo e doença autoimune (Tireoidite de Hashimoto).
    
Disponível em: http://www.medicina.ufmg.br/noticias/?p=35396


     Quanto aos sinais e sintomas, muitos pacientes apresentam: Letargia, pele seca e áspera, edema da face e das extremidades, rouquidão, bradicardia e fraqueza. Muitos pacientes podem apresentar hipotermia. Em relação aos sintomas orais podemos encontrar: espessamento dos lábios e aumento difuso da língua (causados pelo acúmulo de glicosaminoglicano), se a condição ocorre na infância, problemas na erupção dentária são um achado importante.
     O diagnóstico é feito com base na avaliação do T4, o mesmo estando alterado, faz-se uma avaliação do TSH para saber se a doença é primária ou secundária. O tratamento é feito com terapia de reposição hormonal (Levotiroxina). A doença possui um prognóstico bom para indivíduos adultos, para crianças o prognóstico é bom se a doença for diagnosticada cedo. Porém, se a doença não for identificada precocemente podem ocorrer problemas cerebrais permanentes, resultando em retardo mental.



Macroglossia - Aspecto oral importante da doença
Disponível em: http://www.fipapatients.org/disorders/sporadicpituitaryadenomas/



Hipertireoidismo

     O Hipertireoidismo é causado por um aumento da produção dos hormônios tireoidianos, fazendo com que haja um aumento do metabolismo corpóreo. Normalmente essa condição é decorrente da Doença de Graves, uma doença autoimune onde auto-anticorpos são dirigidos contra os receptores de TSH na superfície das células da glândula, esses auto-anticorpos ligam-se a esses receptores e estimulam a produção de hormônios pela tireoide. Outras causas do hipertireoidismo são: Hiperplasia do tecido glandular e Tumores (benignos ou malignos).
   Os principais sinais e sintomas encontrados nos pacientes são: Irritabilidade, intolerância ao calor, taquicardia, Proptose ou exoftalmia (característica marcante da doença) , pele quente e lisa, tremores, perda de peso, aumento de volume da glândula tireoide.
     O diagnóstico é feito a partir da avaliação dos níveis de T4 e TSH. O tratamento pode ser feito com iodo radioativo (I-131), onde sua radioatividade destrói o tecido hiperativo da tireoide, trazendo os níveis hormonais para a normalidade. Existem ainda outras formas de tratamento para a condição, como a remoção cirúrgica de parte da tireoide e a partir da administração de medicamentos que bloqueiam a captação do iodo ( Propiltiouracil e Metimazol). O tratamento com base na remoção cirúrgica e pelo Iodo Radioativo normalmente levam o paciente a um quadro de hipotireoidismo, sendo necessário um terapia de reposição hormonal.


Protrusão dos olhos
Disponível em: http://anaflaviadermato.blogspot.com.br/
  


Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Hipertiroidismo

Referências:

NEVILLE, B.W.; DAMM, D.D.; ALLEN, C.M.; BOUQUOT, J.E. Patologia Oral e Maxilofacial. Trad.3a Ed., Rio de Janeiro: Elsevier, 2009, 972p.

SETIAN, N. Hipotireoidismo na criança: diagnóstico e tratamento. J. Pediatr. (Rio J.),  Porto Alegre ,  v. 83, n. 5, supl. Nov.  2007 .

NEVES, C. et al . Doença de Graves. Arq Med,  Porto,  v. 22,  n. 4-5,   2008 .

Doenças Fúngicas - Candidose

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Candidose

Disponível em: http://www.asm.org/
     A Candidose/Candidíase é uma doença fúngica causada por microrganismos dimórficos do gênero Candida (C. Albicans, C. Tropicalis, C. Krusei, são os agentes principais), é a infecção fúngica mais comum na boca. O dimorfismo é uma característica comum em fungos que causam doenças, a forma de levedura não é invasiva, diferentemente da forma de hifa, que está relacionada com invasão tecidual no hospedeiro.

    O uso de antibióticos de largo espectro, hipossalivação e imunossupressão são os principais fatores predisponentes para a infecção por microrganismos do gênero Candida.

- Uso de Antibióticos de Largo Espectro - O uso desses medicamentos (principalmente em tempo prolongado) causam uma alteração na microbiota normal da cavidade oral, ou seja, alguns microrganismos que não são afetados pelo medicamento tendem a proliferar e se sobrepor a outros. Isso acaba favorecendo o desenvolvimento da candidose.
- Hipossalivação - Como sabemos, uma das funções da saliva é a proteção cavidade oral a partir de enzimas antimicrobianas (Lactoferrina e Lisozima). Então, com sua diminuição, teremos uma maior proliferação dos microrganismos. Esta condição está associada a quimioterapia, radioterapia, diabetes e Síndrome de Sjögren
- Imunossupressão - Também um fator predisponente, muitos estudos mostram a relação entre Imunossupressão e Candidose. Apesar de imunodeprimidos serem os mais afetados pela doença, indivíduos saudáveis também podem ser acometidos. Isso explica porque crianças, idosos e indivíduos portadores do HIV possuem uma maior predisposição para apresentar candidose.


Antibiótico de Largo Espectro
Disponível em:http://efeitocolaterais.com.br/


Hipossalivação - Notar as fissuras no dorso lingual
Disponível em:http://cdeworld.com/


A candidose pode assumir diversas formas com características clínicas diferentes:

Candidose Pseudomembranosa

     Também conhecida como Sapinho, é a forma mais bem conhecida de candidose, é caracterizada pela presença de placas brancas removíveis a raspagem, essa placas lembram "leite coalhado" ou "queijo Cottage". A mucosa subjacente apresenta-se eritematosa ou normal. Quanto aos sintomas, muitos pacientes relatam ardência e gosto desagradável na boca, outras lesões podem ser assintomáticas. Os sítios de maior predileção na mucosa oral são: Língua, mucosa jugal e palato.

Candidose Pseudomembranosa 
Disponível em: http://www.especialista24.com/


Disponível em: http://cac-php.unioeste.br


Disponível em: http://www.misodor.com/DERMATOSES%20INFANTIS.php


Candidose Eritematosa

     A candidose eritematosa é caracterizada pela presença de áreas avermelhadas na mucosa oral, não há placas brancas (ou pelo menos o predomínio delas) como na forma pseudomembranosa. Esse tipo de lesão fúngica pode se apresentar sob várias formas:

1 - Candidose Atrófica Aguda - Normalmente ocorre após o uso de antibióticos de largo espectro, aparece como a forma de uma lesão atrófica na superfície dorsal da língua (atrofia papilar), os pacientes relatam um certa ardência.

2 - Atrofia Papilar Central - Anteriormente chamada de Glossite romboidal mediana, pois acreditava-se que era causada por uma alteração no desenvolvimento da língua. A lesão apresenta-se como uma área atrófica na região central e posterior da língua. Normalmente é assintomática.

Atrofia Papilar Central
Disponível em: http://cac-php.unioeste.br/


3- Candidose Multifocal Crônica - É caracterizada pela presença de duas ou mais lesões de candidose eritematosa, normalmente os locais mais afetados são o dorso da língua, palato (Junção entre o palato mole e o palato duro) e comissura labial.

4- Queilite Angular - Quando a candidose eritematosa está localizada na região de comissura labial, podendo estar associada a candidose multifocal crônica ou não. Esse tipo de lesão é mais comum em idosos que possuem um diminuição da dimensão vertical de oclusão (DVO), com essa diminuição há o aparecimento de sulcos mais pronunciados no ângulo da boca, assim, há um maior acumulo de saliva na região, formando um ambiente favorável para os microrganismos. Essa lesão normalmente é uma associação de fungos do gênero Candida e Staphylococcus Aureus


Queilite Angular
Disponível em: http://www.odontoblogia.com.br/


Disponível em: http://multioral.com.br/

5 - Queilocandidose - É uma lesão esfoliativa, ocorre quando há o acometimento dos lábios e da região perioral. Normalmente associada a hábitos crônicos como lamber os lábios ou chupar o dedo.

6 - Estomatite Protética - Associada ao uso de prótese, essa forma se apresenta como áreas eritematosas, algumas vezes acompanhadas por petéquias hemorrágicas. Ainda não se tem certeza se a condição é causada por invasão tecidual ou apenas uma reação do tecido pela presença de inúmeros microrganismos na superfície da prótese. É uma lesão assintomática.


Disponível em: http://www.ufpe.br/estomatologia/

Candidose Crônica Hiperplásica

     É o caso mais raro de candidose, é caracterizada pela presença de placas brancas não removíveis a raspagem. Geralmente essas lesões estão localizadas na região anterior da mucosa jugal e não podem ser diferenciadas de uma lesão leucoplásica. Esse tipo de lesão está associada ao câncer de boca (Carcinoma de células escamosas) pois a nitrosamina, emitidas a partir do metabolismo normal da Candida, é uma substância carcinogênica.

Candidose Hiperplásica
Disponível em: http://www.ufpe.br/



Disponível em: http://candidiase.org/candidiase-oral/


     Existe ainda um quadro de candidose muito grave, que está associado a imunossupressão severa, a Candidose Mucocutâneaé caracterizada pela presença de lesões fúngicas na mucosa oral e na pele, essa condição geralmente está associada a distúrbios endócrinos e anemia ferropriva.

Características Histopatológicas

    Na histopatologia podemos observar com frequência: Hiperplasia Epitelial ( pode haver atrofia), Hiperparaceratose, Exocitose de neutrófilos (Microabscessos), infiltrado inflamatório crônico, as hifas e os esporos da Candida podem ser observados na coloração com Ácido periódico de Schiff (PAS).
A citologia esfoliativa com posterior coloração (KOH ou PAS) é um meio rápido e eficiente para o diagnóstico destas lesões.

       O tratamento é feito com administração de antifúngicos - Nistatina, Anfotericina B, Cetoconazol, Miconazol, Itraconazol e Fluconazol são os medicamentos mais utilizados.

Referencias:

NEVILLE, B.W.; DAMM, D.D.; ALLEN, C.M.; BOUQUOT, J.E. Patologia Oral e Maxilofacial. Trad.3a Ed., Rio de Janeiro: Elsevier, 2009, 972p.

WOO, S.B. Atlas de patologia oral. 1 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013, 456p

JHAM, B.C; FREIRE, A.R.S. Complicações bucais da radioterapia em cabeça e pescoço. Rev. Bras. Otorrinolaringol.,  São Paulo ,  v. 72, n. 5, Oct.  2006 .

YAMASHITA, J.M et al . Manifestações bucais em pacientes portadores de Diabetes Mellitus: uma revisão sistemática. Rev. odontol. UNESP,  Araraquara ,  v. 42, n. 3, Jun  2013 .  

Doenças Sistêmicas - Diabetes

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Diabetes Melito

     O Diabetes é uma doença endócrina muito comum causada pela produção insuficiente de insulina ou pela resistência tecidual a ela, resultando em uma hiperglicemia (aumento dos níveis de glicose no sangue). A doença pode ser divida em dois tipos:
Disponível em:http://www.diabeticool.com/
- Tipo I - Normalmente diagnosticada durante a infância, é caracterizada pela ausência de produção da insulina, os pacientes apresentam hiperglicemia grave e cetoacidose (Sangue com PH mais baixo). Os pacientes necessitam de injeções exógenas de insulina para sobreviver.
- Tipo II - Mais comum em adultos mais velhos e idosos, o paciente apresenta hiperglicemia, não tão acentuada como no tipo I, a cetoacidose raramente é encontrada, o que dificulta o diagnóstico. Normalmente os pacientes são capazes de produzir certa quantidade insulina endógena.

     Muitas complicações podem estar relacionadas a doença, a Doença vascular periférica, um problema sério que pode levar a falência renal, cegueira e envolvimento dos membros por gangrena. A causa do diabetes melito ainda é desconhecida, mas, sabe-se que na maioria dos casos do tipo I, há destruição autoimune dos ácinos pancreáticos. O Diabetes tipo II está mais relacionado com a genética e hereditariedade.
     A Insulina é de extrema importância para o metabolismo corpóreo, pois, sua função é a captação da glicose pelas células do corpo, essa interação é mediada por receptores intracelulares.



Características Clínicas

Diabetes Tipo I

     Os pacientes com esse tipo de diabetes não produzem insulina, sendo a glicose acumulada no sangue. Pacientes normais possuem níveis entre 70 a 120mg/dL, diabéticos entre 200 e 400mg/dL. Como a glicose não está sendo absorvida pelo corpo, e sendo esta a nossa maior fonte de energia, os pacientes apresentam cansaço e letargia. A perda de peso é um achado importante, pois outras fontes de energia são consumidas (gorduras e proteínas). Polifagia, poliúria e polidipsia estão relacionadas com a doença.

Disponível em: http://drasharon.site.med.br/



Diabetes Tipo II

     Os sintomas são mais sutis em relação ao diabetes melito tipo I. Esses pacientes produzem insulina, mas, o problema está na captação da glicose pelas células do corpo, por isso, esses pacientes são denominados "resistentes à insulina".

Manifestações Orais

     As manifestações mais comuns são - Sialodenose (aumento bilateral das glândulas parótidas), doença periodontal, candidose, língua geográfica, gengivite e xerostomia.

                                                            Candidose Pseudomembranosa
Disponívem em:http://jmarcosrs.wordpress.com/

Gengivite
Disponível em: http://cynthiafurtado.blogspot.com.br/


     Para os pacientes com diabetes tipo II, muitas vezes mudanças nos hábitos alimentares associados a exercícios físicos pode ser o único tratamento necessário. Algumas vezes pode ser necessário a administração de medicamentos que visam diminuir a "resistência à glicose". Para os pacientes com diabetes tipo I, é necessário a administração de insulina exógena.

Referência

NEVILLE, B.W.; DAMM, D.D.; ALLEN, C.M.; BOUQUOT, J.E. Patologia Oral e Maxilofacial. Trad.3a Ed., Rio de Janeiro: Elsevier, 2009, 972p


Cistos e Tumores Odontogênicos - Cementoblastoma

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Cementoblastoma

     O Cementoblastomaé uma neoplasia de cementoblastos, a lesão é um tumor raro, representa apenas 1% de todos os tumores odontogênicos. Possui predileção pela mandíbula (dentes molares e pré-molares), não há predileção por gênero e acomete mais crianças e adultos jovens.
     Quanto a sintomatologia, alguns pacientes relatam dor e aumento de volume, embora alguns casos possam ser assintomáticos, sendo detectados apenas em radiografias de rotina. Expansão óssea, acometimento de dentes adjacentes e infiltração no canal pulpar pode estar relacionados. Os aspectos radiográficos normalmente se apresentam como uma lesão radiopaca, circundada por um halo radiolúcido. A raiz do dente acometido está sempre em íntimo contado com a lesão.


Imagem Radiográfica
Disponível em:http://drgstoothpix.com/



Lesão Mista circundada por halo radiolúcido
Disponível em:http://games.espn.go.com/


     O histopatológico do cementoblastomaé muito semelhante ao do osteoblastoma, os aspecto que diferencia as duas lesões, é que o cementoblastoma está intimamente ligado a raiz do dente acometido. A lesão consiste em trabéculas de material mineralizado, entre essas trabéculas podemos observar tecido conjuntivo fibrovascular com células fusiformes. Células gigantes multinucleadas e células blásticas são frequentemente encontradas. A excisão cirúrgica é o meio de tratamento ideal, normalmente o dente acometido é removido junto a lesão, dessa forma, a risco de uma posterior recidiva é diminuído. Caso seja desejado a permanência do dente, a remoção da raiz acometida e um posterior tratamento endodôntico deve ser realizado. 

Histopatologia
Disponível em:http://www.ricardosgomez.com/


Dente e lesão em íntimo contato
Disponível em:http://scolaris.beta.semantico.com/

Aspecto Macroscópico 
Disponível em:http://www.ricardosgomez.com/


Cisto Dentígero

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Cistos e Tumores Odontogênicos: Cisto Dentígero


     O cisto dentígero é o mais comum dentre os cistos odontogênicos e tem origem a partir do acúmulo de líquido entre o epitélio reduzido do órgão do esmalte e a coroa dentária, causando a separação do folículo dentário. Como regra geral, um cisto dentígero sempre estará relacionado com a coroa de um dente impactado (conectado a junção amelo-cementária).

    Alguns casos de cistos dentígeros podem estar associados a inflamações, mas, mesmo assim são considerados sempre como cistos do desenvolvimento.

disponível em: http://drgstoothpix.com/


Características Clínicas:

     Esse cisto é caracterizado por acometer indivíduos entre 10 e 30 anos, maior predileção por homens e pela região posterior do osso mandibular, sendo os terceiros molares mais acometidos. Os dentes maxilares também podem ser acometido, sendo que em menor frequência.
Essas lesões normalmente são pequenas, mas, podem chegar a grandes dimensões e geralmente é indolor.      Quando um cisto dentígero apresenta sintomatologia dolorosa normalmente está associado a infecções. Edema e assimetria facial podem estar envolvidos.

Características Radiográficas:

     Radiograficamente, o cisto dentígero se apresenta como imagens radiolúcidas de margens escleróticas associada a um dente impactado. Cistos maiores podem mostrar aparência de serem multiloculares, mas, é importante lembrar que o cisto é sempre unilocular. Muitas vezes pequenas lesões podem ser confundidas com um folículo coronário hiperplásico.
     Nas Radiografias os cistos dentígeros podem se apresentar das seguintes formas:

-Central - Dessa forma a coroa do elemento incluso se projeta no centro do cisto.
-Lateral - O cisto cresce lateralmente a coroa do elemento dentário (normalmente a coroa dos terceiros molares)
-Circunferencial - O cisto se estende da coroa e parece envolver parte da raiz.

Cisto Dentígero Lateral


Cisto Dentígero Central
disponível em: http://www.rosmicro.com/?p=1463



Características Histopatológicas:

     O cisto dentígero pode exibir duas formas histopatológicas, Não inflamado e inflamado, a padrão não inflamado é comum observarmos um revestimento epitelial atrófico não ceratinizado, normalmente contendo de 2 a 4 camadas de células achatadas, abaixo desse epitélio temos uma cápsula de tecido conjuntivo fibroso frouxo onde muitas vezes podemos observar a presença de ilhas de epitélio odontogênico. A interface entre o tecido conjuntivo e o epitélio é plana.
     Já o padrão inflamado, todas as características clássicas de um cisto dentígero são perdidas, sendo difícil o diagnóstico. A capsula de tecido conjuntivo se apresenta mais colagenizada, a interface plana é perdida, dando lugar a cristas epiteliais, é bem perceptível a presença de um infiltrado inflamatório crônico e presença de ceratinização.
    As células epiteliais dos cistos dentígeros podem sofrer metaplasia, dando origem a células mucosas, ciliadas ou sebáceas, evidenciando a multipotencialidade do epitélio odontogênico.


Cisto Dentígero: Padrão clássico
disponível em: www.pathologyoutlines.com



Cisto Dentígero Inflamado - notar presença de infiltrado inflamatório
cronico e cristas epiteliais
disponível em: http://www.jisppd.com/



Tratamento:

     Normalmente o tratamento é por meio da enucleação da lesão com remoção do dente afetado, o dente pode ser preservado se ainda houver condições de erupcionar (um tratamento ortodôntico pode ser necessário). Cistos maiores podem ser marsupizalizados para posteriormente serem removidos.

Referencias:

NEVILLE, B.W.; DAMM, D.D.; ALLEN, C.M.; BOUQUOT, J.E. Patologia Oral e Maxilofacial. Trad.3a Ed., Rio de Janeiro: Elsevier, 2009, 972p

REGEZI, J. A. et al. Patologia bucal. 3.ed. Rio de Janeiro : Editora Guanabara Koogan, 2000. p. 170-171.

Adenoma Pleomórfico

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Tumores de Glândula Salivar - Adenoma Pleomórfico



     O Adenoma Pleomórfico é a neoplasia de glândula salivar mais comum, chegando a representar de 70% a 90% de todos os tumores desse grupo. A lesão pode acometer tanto as glândulas salivares maiores (Parótida e Submandibular) quanto as menores, principalmente no palato, lábio superior e mucosa jugal. A glândula Sublingual raramente é citada em pesquisas, pois a mesma apresenta baixíssimos índices de desenvolver neoplasias. Estruturalmente o adenoma pleomórfico vai ser formado por uma proliferação de elementos ductais e células mioepiteliais, acredita-se que esse tumor tenha origem a partir do ducto intercalar.



Características Clínicas:

    O Adenoma pleomórfico, independente de onde está localizado, vai se apresentar como uma aumento de volume indolor de crescimento lento, bem circunscrito, de consistência firme e coberto por mucosa ou pele de colorações normais (em casos de traumas secundários, pode haver ulceração da superfície). É mais comum em indivíduos entre 30-60 anos e possui uma leve predileção por mulheres.
   Em glândulas salivares menores, o tumor além das características já citadas acima, apresenta uma certa mobilidade (exceto tumores em palato, que apresentam pouca ou nenhuma mobilidade, devido a forte adesão da mucosa palatina no osso).

Tumor em glândula salivar menor


Adenoma Pleomórfico em Palato duro
Disponível em: http://www.ricardosgomez.com/


    Em glândula parótida, o adenoma pleomórfico pode estar localizado em seu lobo superficial ou no lobo profundo. O tumor se apresenta como um aumento de volume entre a margem posterior da mandíbula e a orelha, raramente há o acometimento do nervo facial. Se não tratado, o tumor pode assumir proporções grotescas. Normalmente o adenoma pleomórfico é unilateral, mas já foram registrados casos da lesão bilateralmente.

Adenoma em Glândula Submandibular
Disponível em: http://cohencirugiamaxilofacial.blogspot.com.br/


Lesão em Parótida
Disponível em:http://www.ghorayeb.com/


Lesão em Parótida
Disponível em:http://bucomaxilofacialdabahia.blogspot.com.br/


Características Histopatológicas:

    Histopatologicamente o Adenoma Pleomórfico é caracterizado por apresentar uma proliferação de células ductais e mioepiteliais dispostas em estroma bastante variável, que pode ser mixomatoso, condroide e hialino eosinofílico.
    O componente epitelial se arranja em cordões, ilhas, ductos e estruturas císticas, já as células mioepiteliais, que estão em maior quantidade, podem se apresentar como células anguladas, fusiformes ou redondas com núcleo excêntrico (semelhantes aos plasmócitos). A lesão frequentemente é encapsulada, podendo esta, ser incompleta ou invadida por células tumorais.


Células Ductais e Mioepiteliais em estroma mixomatoso
Disponível em:http://es.wikipedia.org/wiki/Adenoma_pleom%C3%B3rfico



-Seta preta - Célula Ductal/Seta azul - Célula Mioepitelial
Estroma hialino eosinofílico
Disponível em: http://www.ricardosgomez.com/



Componente epitelial formando ilhas, cordões e ductos (seta preta).
Notar a diversidade do estroma.
Disponível em: http://www.ricardosgomez.com/


Tratamento:

    Primeiramente, deve-se haver uma correlação entre exames clínicos, imaginológicos (recomenda-se Ultrassonografia ou Ressonância Magnética) e exames histopatológicos. Em tumores pequenos localizados em glândulas salivares menores, uma biopsia excisional ou incisional pode ser realizada. Em tumores de glândulas maiores podemos optar pela PAAF (punção aspirativa por agulha fina).
     Quanto ao tratamento, a remoção cirúrgica é a opção de escolha, sendo feita adequadamente as taxas de cura são superiores a 95%. Para tumores localizados no lobo superficial ou lobo profundo da parótida, deve-se realizar uma manobra chamada de Parotidectomia superficial ou total, respectivamente. O nervo facial sempre que possível deve ser preservado.

Referências:

LAWALL, M. A, et al . Adenoma pleomórfico: relato de caso clínico. Revista de Odontologia da Universidade Cidade de São Paulo, v. 19, n. 3, p. 336-340, set/dez, 2007.

NEVILLE, B.W.; DAMM, D.D.; ALLEN, C.M.; BOUQUOT, J.E. Patologia Oral e Maxilofacial. Trad.3a Ed., Rio de Janeiro: Elsevier, p. 972, 2009.     

SILVA, D. N, et al. Enucleação de Adenoma Pleomórfico: considerações terapêuticas e relato de caso. Rev. Cir. Traumatol. Buco-maxilo-fac., Camaragibe, v. 7, n. 4, p. 25-30, out/dez, 2007.


Lesões Malignas - Carcinoma de Células Escamosas

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Carcinoma de Células Escamosas


     O Carcinoma de Células Escamosas (Espinocelular ou Epidermóide) é a lesão maligna mais comum na boca, acomete mais frequentemente indivíduos de meia idade do sexo masculino, embora atualmente a incidência em mulheres esteja aumentando cada vez mais, havendo equilíbrio ou até mesmo ultrapassando os homens em algumas regiões. A causa do CCE é multifatorial, fatores intrínsecos e extrínsecos estão relacionados com sua patogenia. Os fatores intrínsecos estão representados pelo estado sistêmico do paciente, deficiência nutricional e a genética. Já os extrínsecos, podemos citar o tabaco, álcool, radiação (solar ou ionizante), etc.

Alguns fatores etiológicos:

- Tabaco - É o principal agente capaz de induzir o aparecimento de um carcinoma (através de suas substâncias carcinogênicas como o benzopireno e a nitrosamina)  , estudos mostram que 80% dos casos de CCE são diagnosticados em tabagistas. Em algumas culturas isoladas da Índia e da America do Sul os índices da doença são altíssimos, devido a um hábito de fumar o cigarro invertido, ou seja, com  a ponta acesa para o interior da boca, nesse caso a região da mucosa oral mais afetada é a do palato duro, local normalmente incomum para o aparecimento da lesão.

- Álcool - O álcool pode agir de duas formas, direta ou indiretamente. A forma direta está relacionada com os aldeídos, que são liberados a partir da degradação do álcool no organismo. Essas substâncias são consideradas carcinogênicas. A forma indireta está relacionada com o tabaco, o álcool age sinergicamente com o cigarro, aumentando as chances do paciente desenvolver uma malignidade. Isso ocorre porque o álcool desidrata a mucosa, sendo assim, as substancias carcinogênicas do tabaco penetram mais facilmente no organismo.

- Radiação - Tanto a radiação ultravioleta quanto a ionizante são fatores importantes na etiologia do CCE. A radiação UVA/UVB está mais relacionada com carcinoma de lábio inferior, a partir das queilites actínicas. Pacientes submetidos a radioterapia de cabeça e pescoço apresentam uma maior predisposição de desenvolverem alguma malignidade.

- Microrganismos e Vírus - Alguns microrganismos como a Candida, podem estar relacionados com a etiologia do CCE. A nitrosamina é uma substâncias carcinogênica que é liberada pelo metabolismo normal do fungo. Alguns vírus dos grupos HSV e HPV, também são fatores extrínsecos importantes. Sabe-se que alguns deles possuem a capacidade de ativar os oncogenes e mutar os genes supressores de tumor.

- Oncogenes e Genes supressores de tumor - Esses genes são responsáveis pelo equilíbrio de divisão celular, ou seja, os oncogenes são responsáveis por estimular a divisão celular, já os genes supressores de tumor possuem a função de "frear" essa divisão. Então, é necessário que haja um equilíbrio entre esses dois genes, para que ocorra uma correta divisão celular. Mutações espontâneas ou induzidas por algum fator externo podem acarretar em um mal funcionamento desses genes, predispondo o individuo a uma possível malignidade.

-Deficiências Nutricionais - A literatura cita que as deficiências de ferro e vitamina A estão associadas a etiologia do CCE. Sabe-se que o ferro tem grande importância no correto funcionamento das células epiteliais, principalmente as da mucosa do trato digestivo superior. A síndrome de Plummer-Vinson, que é caracterizada por por uma deficiência de ferro grave, glossite e disfagia está associada a um elevado risco para o carcinoma de células escamosas. As pesquisas também relatam que a vitamina A parece exercer um papel preventivo em lesões pré-malignizáveis (leucoplasia) e no câncer oral.

     A imunossupressão, agentes fenólicos e o Treponema Pallidum, de acordo com a literatura, também estão relacionados com o carcinoma de células escamosas.

Características Clínicas:

     Normalmente a doença acomete indivíduos de meia idade e idade avançada do sexo masculino, embora o sexo feminino venha aumentando gradativamente, como já citado acima. A lesão pode assumir 5 formas principais: endofítica, exofítica, leucoplásica, eritroplásica e eritoleucoplásica. Qualquer lesão com esses aspectos localizadas em borda lateral de língua ou assoalho da boca é mandatório a realização de biópsia. Outros locais da mucosa oral podem ser acometidos. As lesões Exofíticas caracterizam-se por apresentar uma superfície irregular, papilar ou verruciforme, podendo sua coloração ser normal ou avermelhada, é bem característico que essa lesões se apresentem bastante firmes a palpação (consistências bastante dura). As lesões Endofíticas normalmente se apresentam com um área de ulceração central, com bordas "em rolete", indicando invasão local para o interior do tecido. As lesões leucoplásicas, eritroplásicas e eritroleucoplásicas, se assemelham as suas respectivas lesões malignizáveis (leucoplasia, eritroplasia e eritroleucoplasia). O diagnóstico diferencial é feito com doenças fúngicas profundas como a Histoplasmose, Paracoccidioidomicose, doenças bacterianas como a tuberculose e sífilis e lesões orais da granulomatose de Wegener e doença de Crohn.

Lesão leucoplásica em borda lateral de língua.
Disponível em:http://drauziovarella.com.br/


Lesão exofítica em borda lateral de língua. Notar 
superfície irregular e ulceração
Disponível em: http://odontologiadrameri.blogspot.com.br/

Lesão Endofítica na superfície ventral da língua. Podemos
observar uma área de ulceração e a borda "em rolete"
(Neville et al, 2009)

Lesão localizada em assoalho bucal
Disponível em: http://www.ricardosgomez.com/

     Os Carcinomas de lábio, sendo 90% deles localizados no lábio inferior, estão fortemente associados as queilites actínicas, que estão relacionadas com a exposição crônica aos raios ultravioletas. O CCE de lábio apresenta-se normalmente como ulcerações ou crostas na superfície do lábio inferior de individuos de meia-idade ou idade avançada do sexo masculino. Os Carcinomas de lábio apresentam um prognóstico bastante positivo se comparado ao intraoral, isso porque apresentam um crescimento mais lento e menores chances de sofrerem metástase.      

CCE em lábio inferior


CCE em lábio inferior
(Neville, et al, 2009)



Características Radiográficas:

     Quando há o acometimento dos ossos, a lesão pode ser observada radiograficamente como uma imagem radiolúcida, de margens irregulares e e contorno mal definido (aspecto "roído por traça").


Imagem radiolúcida de margens irregulares
e contorno mal definido 
Disponível em: www.paulogalvaoradiologiaoral.com.br



Radiolucidez mal definida (aspecto roído por traça)
Disponível em: www.paulogalvaoradiologiaoral.com.br



Metástase e Estadiamento:

     As metástases dos carcinomas normalmente ocorrem por via linfática, diferente dos sarcomas, que frequentemente metastatizam através da via sanguínea. A metástase do CCE, assim como de outros carcinomas se dá pela via linfática para os linfonodos cervicais. Um linfonodo cervical que contém depósitos tumorais, apresenta-se aumentado, fixo e de consistência pétrea, normalmente se apresenta indolor. Em relação as metástases a distancia, os sítios mais comuns são: Pulmões, fígado e ossos. As metástases dos carcinomas de células escamosas não o correm precocemente, o problema está em relação ao atraso no diagnóstico, pois, a maioria dos pacientes só procuram atendimento quando a lesão já evoluiu bastante.
      O TNM há muitos anos tem sido usado como sistema padrão para caracterização dos tumores, propor a terapia adequada e estimar a sobrevida dos pacientes, este protocolo de estadiamento depende de três características:

Disponível em: http://www.jwatch.org/


T - Tamanho do tumor em centímetros.
N - Acometimento dos linfonodos locais.
M - Presença de metástases a distância.   
 A partir dessas 3 características podemos definir um estágio para a lesão. Quanto maior for o estágio, pior o prognóstico para o paciente.

Características Histopatológicas:

     Histologicamente podemos observar uma invasão de células epiteliais no tecido conjuntivo, essas células se arranjam em cordões e ilhas, podemos observar a formação de pérolas de ceratina, infiltrado inflamatório crônico bastante intenso e a presença de muitos vasos sanguíneos (angiogênese). Além disso as células apresentam atipia celular como, relação núcleo-citoplasma aumentada, hipercromatismo, pleomorfismo celular, núcleos e nucléolos aumentados, diversas mitoses e presença de mitoses atípicas.
 

Invasão de células epiteliais no tecido conjuntivo,
presença de pérolas de ceratina e hipercromatismo.


Invasão celular, pérolas de ceratina, infiltrado inflamatório
crônico intenso e atipia celular.



     De acordo com a OMS, podemos classificar histopatologicamente o carcinoma de células escamosas em 3 tipos:

- Bem diferenciado - Onde podemos encontrar semelhança com o tecido de origem da lesão, ou seja, os ceratinócitos ainda não perderam a capacidade de produzir ceratina, nesse padrão encontramos um maior número de pérolas de ceratina e um menor grau de atipia celular. O tumor cresce em uma velocidade mais lenta e a tendência para metástase é mais baixa.

- Pouco diferenciado - Neste padrão, teremos predomínios de células imaturas, sendo difícil reconhecer seu tecido de origem. Assim os CCE pouco diferenciados caracterizam-se por apresentar mínima ceratinização e um grau de atipia celular bastante elevado. Esses tumores crescem com maio velocidade e tendem a metastatizar mais precocemente.

- Moderadamente diferenciado - É um padrão intermediário entre os dois acima.

Tratamento:

     Como já dito acima, o CCE de vermelhão lábio é menos invasivo que o intraoral, e o tratamento é feito através da remoção cirúrgica com margem de segurança, as taxas de sobrevida em 5 anos são de 95% a 100%, possuindo um prognóstico bastante favorável. Para o carcinomas intraorais, além da excisão cirurgica ampla, a radioterapia e a quimioterapia são formas de tratamento. A taxa de sobrevida está relacionada com o estadiamento da lesão. Radiografias intraorais, panorâmicas, tomografias e ressonâncias magnéticas ajudam a delinear a extensão do tumor.

Referências:

LOURENÇO, S. Q. C, et al. Classificação Histopatológica para o Carcinoma de Células Escamosas da Cavidade Oral: Revisão de sistemas propostos. Rev. brasileira de Cancerologia, Rio de Janeiro. v. 53, n. 3, p. 325-333, 2007.

NEVILLE, B.W.; DAMM, D.D.; ALLEN, C.M.; BOUQUOT, J.E. Patologia Oral e Maxilofacial. Trad.3a Ed., Rio de Janeiro: Elsevier, p. 972, 2009.           
  
WOO, S.B. Atlas de patologia oral. 1. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. 456 p.



Mais Imagens:



Lesão Exofítica de superfície irregular de coloração branca
e avermelhada, localizada em borda de língua.
Disponível em: http://dentistaconcurseiro.blogspot.com.br/


Lesão Eritroleucoplásica 
(manchas vermelhas e brancas)
Disponível em: http://odontocmr.blogspot.com.br/




CCE em mucosa Jugal
Disponível em: http://mesotheliomacancer1.info/



CCE em lábio inferior.
Disponível em: http://hardinmd.lib.uiowa.edu/







Tumor Odontogênico Ceratocístico

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Cistos e Tumores Odontogênicos: Ceratocisto Odontogênico


   

      O Tumor odontogênico ceratocistico (mais conhecido por ceratocisto odontogênico - CO), quando considerado como um cisto, representa de 3% a 11% de todos os cistos de origem odontogênica. Essa lesão tem origem a partir da lâmina dentária. Diferentemente do cisto radicular e do dentígero, que possuem crescimento relacionado com o aumento da pressão osmótica do lúmen cístico, o CO, de acordo com alguns estudos, cresce a partir de fatores de crescimento inerentes ao próprio epitélio ou da atividade da parede cística.



Características Clínicas: 

     Os Ceratocistos Odontogênicos podem ser encontrados em qualquer idade, mas são mais comuns entre 10 e 40 anos, sendo mais prevalente em homens. Essas lesões são normalmente assintomáticas, mas podem estar relacionadas com edema e dor, raramente há expansão óssea, mesmo nas lesões de grandes extensões. O CO possui predileção pela região posterior do corpo e ramo da mandíbula, essas lesões tendem a crescer seguindo uma direção ântero-posterior. A presença de multiplos ceratocistos ou lesões em pacientes menores que 20 anos de idade, deve-se fazer um exame clínico minucioso para descartar a hipóteses de Síndrome de Gorlin-Goltz (ou Síndrome do carcinoma nevoide basocelular) que é caracterizada pela presença de multiplos carcinomas de células basais e ceratocistos, além de de outras características como calcificação da foice do cérebro, espinha bífida, hipertelorismo, etc.

Características Radiográficas:

     Radiograficamente a lesão é caracterizada por uma imagem radiolúcida, com margens regulares e limites bem definidos. Podem se apresentar nas formas multilocular e unilocular, sendo a forma unilocular vista na grande maioria da vezes. Essas lesões podem mimetizar cistos dentígeros, cistos periodontais laterais, ameloblastoma e outras lesões. A reabsorção radicular de dentes próximos a lesão é raro.

Imagem radiolúcida unilocular e bem circunscrita 
Disponível em: http://www.aichi-gakuin.ac.jp/


 Imagem radiolúcida multilocular
Disponível em: http://www.ascro.hr/

Imagem radiolúcida associada a um elemento dentário, a lesão 
se apresenta semelhante a um cisto dentígero.
Disponível em: http://www.clinicalimagingscience.org/

Características Histopatológicas:

     Histopatologicamente o ceratocisto odontogênico é caracterizado por apresentar um epitélio escamoso paraceratinizado, normalmente composto de 6 a 8 camadas de células. A superfície desse epitélio apresenta ondulações (corrugações) e sua camada basal apresenta-se hipercromática e em paliçada. Além disso, podemos observar a presença de um cápsula de tecido conjuntivo fibroso, que muitas vezes pode conter pequenas ilhas de epitélio odontogênico. A interface entre o tecido conjuntivo e epitelial é plana.
     Na presença de inflamação, todas as características comuns ao ceratocisto são perdidas, nesse caso, observamos a presença de cristas epiteliais, perda da ceratinização e há a presença de infiltrado inflamatórtio crônico.
     Existe uma variante, chamada de Cisto Odontogênico Ortoceratinizado, essa variante não apresenta células basais hipercromáticas e em paliçada, além de possuir ortoceratina. Muitos autores preferem considera-la como uma lesão a parte.


CO - Podemos observar Epitélio com superfície paraceratinizada
corrugada e camada basal em paliçada e hipercromática
Disponível em: http://www.ricardosgomez.com/


Observar cápsula de tecido conjuntivo fibroso
Disponível em: http://en.wikipedia.org/wiki/Keratocystic_odontogenic_tumour


CO - Podemos observar Epitélio com superfície paraceratinizada
corrugada e camada basal em paliçada e hipercromática
REGEZI, 2002


Tratamento:

     A enucleação da lesão seguida de curetagem é o tratamento de escolha para a lesão. Os pacientes devem ser acompanhados durante um longo período de tempo pois essa lesão pode apresentar altas taxas de recidiva. A descompressão com posterior enucleação para cistos maiores pode se uma boa alternativa. Crioterapia e cauterização da cavidade óssea após a remoção do cisto são outras formas de tratamento.   

Referência:

ACIOLE, G. T. S, et al. Tumor odontogênico recidivante: tratamento cirúrgico conservador ou radical? Relato de caso clínico. Rev. Cir. Traumatol. Buco-Maxilo-facial, Camaragibe. v. 10, n. 1, p. 43-48, jan/mar. 2010.

MARTORELLI, S. B. F, et al. Tumor odontogênico ceratocístico mandibular: relato de caso e avaliação crítica das formas de tratamento. Int. J. dent, Recife, v. 8, n. 1, p. 50-56, jan/mar. 2009.

NEVILLE, B.W.; DAMM, D.D.; ALLEN, C.M.; BOUQUOT, J.E. Patologia Oral e Maxilofacial. Trad.3a Ed., Rio de Janeiro: Elsevier, p. 972, 2009. 

WOO, S.B. Atlas de patologia oral. 1. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. 456 p.


Lesões Fibro-ósseas: Displasia Óssea

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Displasia Óssea (Displasia Cemento-óssea)


     A Displasia Óssea (DO) possui muita similaridade com outras lesões fibro-ósseas, como o Fibroma ossificante por exemplo. Essas lesões são caracterizadas pela substituição do tecido ósseo normal por tecido conjuntivo fibroso. Alguns pesquisadores acreditam que a lesão tenha origem a partir do ligamento periodontal, já outros, que a origem tenha relação com um defeito na remodelação óssea extraligamentar.
Com base nas características clíncas e radiográficas podemos dividir as displasias em 3 tipos:

- Focal
- Periapical
- Florida

Displasia Óssea Focal

     A DO focal radiograficamente se assemelha bastante a um fibroma ossificante, fato que fez com muitas lesões no passado fosse diagnosticadas de forma errada. A lesão é assintomática, normalmente descoberta em radiografias de rotina, sendo mais comum em região posterior da mandíbula. Diferente dos outros tipos de DO, essa possui predileção para indivíduos da cor branca. Os indivíduos entre a terceira e sexta décadas de vida são mais afetados.
    Quanto as características radiográficas, essas lesões podem se apresentar como imagens totalmente radiolúcidas, mistas ou totalmente radiopacas circundadas por um halo radiolúcido. Lesões iniciais costumam se apresentar radiolucidas, já nas lesões mais maduras, temos um maior componente radiopaco.

Imagem mista localizada em região apical do
elemento 35
Disponível em: http://www.ricardosgomez.com/


Imagem mista localizada na região de raiz mesial
do elemento 46
Disponível em: http://www.jcda.ca/article/b70


Displasia Óssea Periapical

     A Displasia Óssea periapical normalmente acomete a região anterior da mandíbula. Possui uma grande predileção por mulheres (podendo chegar a 14:1) sendo a maioria de cor negra. Geralmente acomete indivíduos entre 30 a 50 anos de idade. Radiograficamente  as lesões se iniciam como imagens radiolúcidas bem delimitadas associadas a raiz de um dente (geralmente vital), como o passar do tempo, essas lesões tornam-se radiopacas circundadas por um halo radiolúcido. Normalmente lesões adjacentes tendem a se fundir, formando um padrão linear de radiolucência envolvendo os ápices dos elementos dentários.

Lesão mista em região periapical dos
dentes ântero-inferiores
Disponível em: http://patologiabucal-fob.blogspot.com.br/


Observar a fusão de lesões
adjacentes
Disponível em: http://kcbelmont.blogspot.com.br/


Displasia Óssea Florida

      A Displasia óssea florida é multifocal, podendo acometer tanto a região posterior quanto a anterior dos osso gnáticos. Possui predileção pelo sexo feminino (novamente em mulheres negras). Na grande maioria das vezes a lesão se apresenta assintomática, só sendo descoberta em radiografias de rotina, mas, pode estar associada  a dor leve e a exposição de um material mineralizado avascular e amarelado na cavidade oral, raramente ocorre expansão óssea.
    Radiograficamente as lesões se apresentam em 3 estágios (radiolúcidas, mistas e radiopacas). Tanto áreas edêntulas quanto dentadas podem ser afetadas.

Lesões mistas e radiopacas com envolvimento multifocal
Disponível em: http://www.ident.com.br/DraGabrielaAlves/


Observar o envolvimento multifocal
Disponível em: http://www.ricardosgomez.com/



Características Histopatológicas 

     Quanto sua histopatologia, as 3 formas de DO são semelhantes, ambas são caracterizadas pela presença de material mineralizado (trabéculas de osso imaturo, lamelar e material semelhante a cemento) imersos em um tecido conjuntivo fibroso contendo numerosas células fusiformes, fibras colágenas e vasos sanguíneos. A medida que a lesão amadurece o componente mineralizado tende a crescer, as trabéculas ósseas se fundem formando massas de tecido cemento-ósseo. Em alguns casos podemos observar que a lesão se funde ao osso sadio adjacente.


Tecido fibro-ósseo contendo componentes mineralizados
e tecido conjuntivo fibroso com numerosos fibroblastos.
Notar áreas de hemorragia próximas as trabéculas ósseas
Disponível em: http://biomedicaloptics.spiedigitallibrary.org/


Trabéculas ósseas e esférulas de material cementóide imersos 
em tecido conjuntivo fibroso
Disponível em: http://www.jomfp.in/


Tratamento

     Normalmente a lesão não necessita de tratamento, mas, o paciente deve ser acompanhando e orientado a manter uma excelente higiene oral, pois essas lesões são hipovasculares e possuem tendência a necrose. As lesões sintomáticas, onde massas escleróticas de cemento são visíveis na cavidade oral o tratamento é feito com antibiótico e remoção do material mineralizado, além disso, o paciente deve ser aconselhado a manter uma correta higiene oral, pelo motivo já dito acima.

Referências

NEVILLE, B.W.; DAMM, D.D.; ALLEN, C.M.; BOUQUOT, J.E. Patologia Oral e Maxilofacial. Trad.3a Ed., Rio de Janeiro: Elsevier, p. 972, 2009. 

WOO, S.B. Atlas de patologia oral. 1. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. 456 p.


Mais imagens



DO - Periapical
Disponível em: http://www.cram.com/


DO - Periapical
Disponível em: http://dentistryandmedicine.blogspot.com.br/

DO - Florida
Disponível em: http://www.orlandendo.com/


DO - Florida

Disponível em: http://www.aichi-gakuin.ac.jp/






Estomatite Aftosa Recorrente

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Estomatite Aftosa Recorrente     (Ulcerações Aftosas)


     Apesar de ser uma das lesões orais mais comum, a afta ainda possui etiologia desconhecida. Acredita-se que sua causa seja multifatorial, alguns fatores como alergias, trauma, estresse, fatores imunológicos, deficiência nutricional e hematológica, predisposição genética, hiperacidez bucal e agentes infecciosos podem estar relacionados com a doença. Sabe-se que a destruição tecidual causada pela lesão é resultante de uma reação imunológica mediada por células T. O estudo do sangue de pacientes com a estomatite aftosa recorrente mostram uma depressão ou inversão da relação CD4+/CD8+ e aumento de TNF-α (fator de necrose tumoral).
    Várias doenças sistêmicas estão relacionadas com lesões semelhantes as aftas, são algumas:

- Síndrome de Behçet
- Doença Celíaca
- Neutropenia Cíclica
- Deficiências Nutricionais (Ferro, ácido fólico, vitamina B12)
- HIV

Características Clínicas

     As ulcerações aftosas podem ser classificadas em três tipos: menor, maior e herpetiforme. Essas lesões são mais frequentemente encontradas em crianças e adultos jovens, principalmente antes dos 30 anos. As ulcerações aftosas menores são as mais comuns e que apresentam menores índices de recidiva, possuem grande predileção por mucosa não-ceratinizada (principalmente mucosa jugal e labial). Normalmente são lesões doloridas, bem circunscritas (arredondadas ou ovaladas) que costumam medir entre 3 e 10mm, são cobertas por uma membrana fibrinopurulenta de coloração cinza-amarelada, circundada por um halo eritematoso. Essas lesões são auto-limitadas e desaparecem em 7 a 14 dias em deixar cicatriz. O envolvimento da mucosa ceratinizada é raro. As ulcerações aftosas maiores são mais incomuns, possuem uma sintomatologia mais severa, podendo levar ao comprometimento da fala, deglutição e mastigação. As lesões são mais profundas e medem cerca de 1 a 3cm de diâmetro e levam de semanas a meses para desaparecerem, podendo causar cicatrizes. São mais comuns em lábio e palato mole.
   
Ulceração aftosa menor - Halo eritematoso circundando 
uma ulceração amarelada em lábio superior. 
Disponível em: http://www.lia.ufscar.br/


Ulceração Aftosa Menor
Disponível em: http://www.dicasodonto.com.br/2013/09/09/afta/


Ulceração Aftosa Maior - Podemos observar que a lesão apresenta-se 
maior e mais profunda. Localizada em mucosa jugal 
Disponível em: http://www.skinsight.com/


Ulceração aftosa maior
Disponível em: http://www.tauntonmaxfax.net/


     As ulcerações aftosas herpetiformes apresentam os maiores índices de recidivas, são caracterizadas pela presença pequenas e múltiplas lesões aftosas na mucosa oral. Normalmente as lesões tendem a se fundir umas as outras, uma lesão individual mede cerca de 1 a 3mm e são mais frequentes na mucosa não-ceratinizada. as lesões cicatrizam de 7 a 14 dias. O termo herpetiforme é usado porque a lesão se assemelha à infecção primária pelo HSV (gengivoestomatite herpética primária).

Pequenas e numerosas lesões ulceradas localizadas na
superfície ventral da língua.
Neville et al, 2009


Estomatite Aftosa Herpetiforme
Disponível em: http://zl.elsevier.es/



Características Histopatológicas

   Quanto sua característica histopatológica, a estomatite aftosa recorrente não apresenta um padrão específico, podemos observar perda da integridade epitelial coberta por uma membrana de fibrina, o tecido conjuntivo exibe um aumento da vascularização e infiltrado inflamatório misto contendo linfócitos, histiócitos e leucócitos. As margens da lesão apresentam pústulas espongióticas e numerosas células mononucleares no terço basilar. Em alguns casos podemos observar atipia reativa como células epiteliais multinucleadas e hiperplasia de células basais.

Área central ulcerada e presença de infiltrado
inflamatório no T. conjuntivo.
Disponível em: http://www.uiowa.edu/


Tratamento

     O diagnóstico da lesão é feito com base no exame clínico, história médica do paciente e na exclusão de outras patologias que são caracterizadas pela apresentação de lesões semelhantes. Em relação ao tratamento, os casos mais leve da doença podem ser tratados com a administração de corticosteroides tópicos como o propionato de clobetasol a 0,05% para bochecho ou gel de betametasona para aplicação tópica (0,05%). Em ulceras maiores e mais persistentes usa-se corticosteroides mais potentes, até mesmo medicamentos sistêmicos.
    Além dos corticosteroides, a literatura ainda cita talidomida, colchicina, dapsona e clorexidina como meios de tratamento para a estomatite aftosa recorrente. A cauterização com agentes cáusticos (nitrato de prata, ácido sulfúrico e agentes fenólicos) não são mais indicadas devido a chance de causar necrose epitelial focal.

Referências


FRAIHA, P. M.; BITTENCOURT, P. G.; CELESTINO, L. R. Estomatite aftosa recorrente: revisão bibliográfica. Rev. Bras. Otorrinolaringol.,  São Paulo ,  v. 68, n. 4, p. 571-578. jul/Aug.  2002.

COSTA, G.B.F; CASTRO, J.F.L. Etiologia e tratamento da estomatite aftosa recorrente-revisão de  literatura. Medicina (Ribeirao Preto. Online), v. 46, n. 1, 2013.

NEVILLE, B.W.; DAMM, D.D.; ALLEN, C.M.; BOUQUOT, J.E. Patologia Oral e Maxilofacial. Trad.3a Ed., Rio de Janeiro: Elsevier, p. 972, 2009. 

WOO, S.B. Atlas de patologia oral. 1. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. 456 p.
   



Tumor Odontogênico Adenomatoide

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Cistos e Tumores Odontogênicos: Tumor Odontogênico Adenomatoide


     O Tumor odontogênico adenomatoide (TOA) é uma lesão incomum, que corresponde de 3% a 7% de todos os tumores odontogênicos, acredita-se que sua etiologia esteja relacionada com as células derivadas do epitélio do órgão do esmalte ou dos remanescentes da lâmina dentária. O TOA já foi considerado como uma variante do ameloblastoma, chamado de "adenoameloblastoma", mas devido a suas características clínicas e comportamento foi classificada como uma lesão à parte.

Características Clínicas:

     O TOA normalmente é encontrado em pacientes jovens, entre 10 e 30 anos e o sexo feminino é o mais afetado (2:1). Clinicamente a lesão se apresenta assintomática (sendo descoberta apenas em radiografias de rotina), mas, uma expansão indolor no local afetado pode ocorrer. A lesão possui predileção pela região anterior da maxila. Frequentemente são lesões pequenas que envolvem um dente não-erupcionado, principalmente o canino.
     O Tumor Odontogênico Adenomatoide apresenta 3 variantes: Folicular, extrafolicular e periférica. Na variante folicular a lesão estará sempre associada a um dente não irrompido, já a extrafolicular não apresenta essa associação, sendo a lesão localizada geralmente entre as raízes dos dentes (lembrando bastante o cisto periodontal lateral, radiograficamente). As lesões extraósseas ou periféricas são muito raras (cerca de 3% dos casos) e clinicamente aparecem como nódulos sésseis na gengiva maxilar, lembrando lesões fibrosas comuns da gengiva.

Aspecto clínico - Aumento de volume no local da lesão
Disponível em: http://www.ricardosgomez.com/


Características Radiográficas:

     Radiograficamente o padrão folicular apresenta-se como uma imagem radiolúcida, unilocular, com margens regulares e limites bem definidos associada a um elemento dentário não irrompido (geralmente o canino superior), a imagens pode apresentar pontos radiopacos (calcificações em flocos de neve). Muitas vezes a lesão pode ser semelhante a um cisto dentígero, ameloblastoma, Tumor odontogênico cístico calcificante ou Tumor odontogênico epitelial calcificante.
     No padrão extrafolicular não há associação com elementos dentários, e normalmente a imagem radiolúcida está localizada entre duas raízes, lembando um cisto periodontal lateral, como já dito acima.


 TOA folicular - Observar a associação entre a lesão e o dente
não-erupcionado e a presença de pequenos pontos radiopacos.
Disponível em:http://www.contempclindent.org/


 TOA folicular
Disponível em:http://www.clinicalimagingscience.org/


TOA extrafolicular - Imagem radiolúcida entre as raízes de
dois dentes.
Disponível em: http://www.ricardosgomez.com/


Características Histopatológicas:


     O histopatológico do TOA é caracterizado pela presença de uma grande quantidade de células tumorais e pouco estroma, essas células epiteliais (cuboidais ou poliedricas) se arranjam formando ninhos, cordões, lençóis e estruturas semelhantes a rosetas. As células também formam estruturas semelhantes a ductos (pseudoductos), muitas vezes um material eosinofílico amorfo pode ser encontrado no interior dessas estruturas. Além disso, a lesão pode apresentar pequenos focos de calcificação. Na periferia podemos observar a presença de uma cápsula fibrosa espessa.

TOA - Presença de muitas células epiteliais e pouco estroma. Observar as
estruturas semelhantes a ductos. Notar também estrutura semelhante a 
rosetas (centro da imagem). 
Disponível em: http://www.contempclindent.org/

TOA - Observar a presença de material eosinofílico.
Disponível em:http://www.tmd.ac.jp/dent/opat/sakamoto.files/aothome.htm

Estruturas semelhantes as ductos e cápsula de tecido
conjuntivo fibroso.
Disponível em: http://www.scaop.com/


Tratamento:

    Para o correto diagnóstico e tratamento da lesão é necessário uma associação entre os exames radiográficos e histopatológicos, pois como já dito acima, essa lesão pode mimetizar cistos dentígeros, ameloblastomas e outras lesões de grande importância. O TOA é uma lesão benigna e apresenta uma cápsula bastante espessa, sendo a enucleação a principal forma de tratamento. Os índices de recidiva são baixíssimos.

Referências:


CASTRO, C.H.S, et al. Tumor odontogênico adenomatoide: aspectos relevantes ilustrados por um caso clínico. Rev. Ciências Médicas e Biológicas, Salvador, v. 9, n. 1, p. 179-182, 2011.

NEVILLE, B.W.; DAMM, D.D.; ALLEN, C.M.; BOUQUOT, J.E. Patologia Oral e Maxilofacial. Trad.3a Ed., Rio de Janeiro: Elsevier, p. 972, 2009.


WOO, S.B. Atlas de patologia oral. 1. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. 456 p.
   



  

Síndromes - Displasia Ectodérmica

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Displasia Ectodérmica


     A Displasia Ectodérmica (DE) é um conjunto de doenças hereditárias caracterizadas pela hipoplasia ou aplasia de duas ou mais estruturas derivadas do folheto embrionário ectodérmico. As principais estruturas afetadas são: unhas, pele, cabelos, dentes, glândulas sudoríparas e sebáceas, as glândulas salivares também podem ser afetadas. Sabe-se que a maioria casos de DE estão relacionadas a desordens genéticas ligadas ao cromossomo X e ocorrem devido a mutação em um gene chamado EDA, que é responsável por sintetizar uma proteína (Ectodisplasina A) que é de extrema importância para a formação de estruturas derivadas do ectoderma. As formas autossômicas dominante e recessiva são mais raras, representando uma quantidade menor dos casos. A doença como um todo é considerada rara, com taxas de prevalência de 1:10.000 e 1:100.000 nascimentos, sendo mais comum em homens. 

Características Clínicas:

     A DE pode ser dividida em dois tipos, com relação a sudorese do paciente, a forma hidrótica (há produção de suor) o paciente é caracterizado por apresentar unhas distróficas, poucos pelos e anomalias dentárias como oligodontia e anodontia. Na forma hipoidrotica, que é mais comum, o paciente além dessas características apresenta comprometimento das glândulas sudoríparas, havendo uma diminuição na produção do suor e aumento da temperatura corporal (os pacientes acometidos apresentam uma "febre" de origem desconhecida). Sendo assim, as principais características da DE são: hipotricose, hipoidrose e hipodontia. Quanto as anomalias faciais, podemos observar: protuberância dos lábios, pele seca e quebradiça, região periorbital hiperpigmentada e hipoplasia do terço médio da face.
     Além da hipodontia, os elementos dentários muitas vezes apresentam alterações em sua forma (dentes conoides ou pontiagudos). As glândulas salivares também pode ser afetadas, resultando em hipossalivação e suas devidas consequências.
     Em casos relacionados ao cromossomo X, os pacientes do sexo feminino podem apresenta-se normais ou terem uma forma mais leve da doença, isso ocorre quando metade do cromossomo X das pacientes apresentam o gene normal e a outra metade apresenta o gene defeituoso (hipótese de Lyon).

Podemos observar: Lábios protusos, hipotricose, hiperpigmentação
periorbital
Disponível em:http://www.scielo.cl/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0718-381X2012000100006


Hipodontia e alterações na forma dos dentes
Disponível em: http://www.inpn.com.br/Materia/CasoClinico/586


Alterações dentárias
Disponível em: http://smalldentalimplants.blogspot.com.br/p/ectodermal-dysplasia-transforming-life.html


Aspecto Radiográfico - podemos observar hipodontia e alterações
na forma dos dentes.
Disponível em: http://www.ijdr.in/


Diagnóstico e Tratamento:

     Chegar ao diagnóstico da Displasia Ectodérmica é relativamente fácil, os principais sinais da doença são bem expressivos (hipotricose, hipoidrose e hipodontia). Como a doença é de origem hereditária há necessidade de aconselhamento genético e exame completo dos familiares do paciente. Para tratamento e acompanhamento do paciente é recomendado uma equipe multidisciplinar formada por médicos (dermatologistas e geneticistas), dentistas, fonoaudiólogos e psicólogos.
    O tratamento odontológico consiste na colocação de próteses, implantes e movimentação ortodôntica. Assim, funções como mastigação e fonação são recuperadas. Além da autoestima e integração social do paciente.

Mais Fotos:

DE - Podemos observar que o paciente apresenta poucos pelos,
hiperpigmentação periorbital e perioral.
Disponível em:http://www.scielo.cl/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0718-381X2012000100006


Aspecto clínico e radiográfico
Disponível em: http://it.wikipedia.org/wiki/Displasia_ectodermica


Referências: 

ALVES, N. OLIVEIRA, R. J. DEANA, N. F.. Displasia Ectodérmica Hipohidrótica: un Síndrome de Interés para la Odontología. Int. J. Odontostomat.,  Temuco ,  v. 6, n. 1, abr.  2012 .

FERREIRA, S. C. et al. Displasia Ectodérmica: Relato de caso. Arq. Odontol, Belo Horizonte, v. 48, n. 1, p. 47-52, jan/mar, 2012.

NEVILLE, B.W.; DAMM, D.D.; ALLEN, C.M.; BOUQUOT, J.E. Patologia Oral e Maxilofacial. Trad.3a Ed., Rio de Janeiro: Elsevier, p. 972, 2009.




  

Síndromes - Síndrome de Papillon - Lefèvre

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Síndrome de Papillon-Lefèvre


     A Síndrome de Papillon-Lefèvre (SPL) ou Ceratose Palmoplantar com periodontopatia é uma doença genética, autossômica recessiva, que foi descrita em 1942 por Papillon e Lefèvre. É caracterizada por apresentar alterações em pele e cavidade oral. Essa síndrome está relacionada com a mutação do gene que codifica a proteína Catepsina C. Essa proteína tem grande importância no desenvolvimento da pele, além de sua mutação favorecer um resposta alterada a infecção, sendo uma possível causa para a periodontite acelerada e agressiva, que é característico desta síndrome.
    Apesar de ser uma doença hereditária, acredita-se que a periodontopatia presente na síndrome esteja associada a infecções por bactérias potentes, sendo a Actinobacillus actinomycetemcomitans (bactéria mais encontrada), ou seja, para que manifestação oral da síndrome possa ocorrer é necessário tanto um fator interno (mutação) quanto um fator externo (bactéria potente).


 Dentes "flutuantes"
Disponível em: http://www.gfmer.ch/genetic_diseases_v2/gendis_detail_list.php?cat3=1983



Características Clinicas: 

   Como já exposto acima, a SPL é uma doença que apresenta manifestações orais e dermatológicas. A doença não possui predileção por gênero e é muito rara, com prevalência estimada de 1 a 4 casos por milhão de pessoas.
   As periodontite agressiva é a principal característica oral, além dessa, podemos observar a presença de halitose, gengivas eritematosas e calcificação da cortical óssea. Tanto a dentição decídua quanto a permanentes são afetadas. Radiograficamente podemos observar a presença de dentes "flutuantes" decorrente da reabsorção óssea agressiva que ocorre. Antes da exfoliação dos elementos, pode ser observado mobilidade exagerada e e migração dental.
   As manifestações dermatológicas são muito importantes para o diagnóstico, em pele, é comum a presença de hiperceratose palmoplantar, essas lesões apresentam-se como placas ou manchas de coloração esbranquiçada ou amarelada que inicialmente acometem as palmas e solas das mãos e pés, mas, no decorrer da doença podem se espalhar para o dorso de ambos. Essa hiperceratose pode ser encontrada também no cotovelo, e joelhos (menos comum). Além disso, outras características como: unhas distróficas, hipotricose, cabelos finos e esparsos e pele descamada podem ser evidentes.
  Outros achados indicam: Bossa frontal, calcificações intracranianas, retardo mental e anormalidades nos rins e fígado.

Características Orais - Periodontite agressiva
Disponível em: http://dentistryandmedicine.blogspot.com.br/2011/08/reiter-syndromeromberg-syndrome.html


Podemos observar hiperceratose tanto no dorso dos
pés quanto no dorso das mãos.
Disponível em: http://escholarship.org/uc/item/9419g7sv



Hiperceratose 
Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0365-05962008000400015&lng=en&nrm=iso>


Perda de elementos dentais e gengiva avermelhada
Disponível em: http://www.gfmer.ch/genetic_diseases_v2/gendis_detail_list.php?cat3=1983

Dentes flutuantes devido a perda óssea
Neville, 2009


Tratamento e Diagnóstico:

     O diagnóstico da SPL é clínico e com base na história relatada pelo paciente, por isso, é necessária a realização de uma anamnese bem detalhada, bem como, um correto exame físico. O profissional deve observar tanto a cavidade oral quanto a pele, sempre a procura de características evidentes da síndrome.           Algumas doenças como a Síndrome ceratoderma palmoplantar de Unna-Thost e doença de Meleda apresentam manifestações dermatológicas semelhantes a SPL, no entanto, não apresentam o componente oral (periodontite agressiva). Já a Síndrome de Haim-Munk apresenta doença periodontal e lesões em pele, sendo que a periodontite é mais branda, e as lesões cutâneas, mais intensas.
    O tratamento das lesões dermatológicas pode ser feito com a administração de retinoídes, havendo assim, uma remissão e resolução do quadro cutâneo. Além disso, o uso de ceratinolíticos também pode ser de boa escolha. Em relação as manifestações orais, deve ser feito tratamento periodontal intenso, com uso de antibióticos, sendo que, infelizmente, tem se obtido pouco sucesso. O paciente deve ser instruído a realizar uma correta higienização bucal, bochechos com clorexidina e profilaxia profissional.

Referências:

NEVILLE, B.W.; DAMM, D.D.; ALLEN, C.M.; BOUQUOT, J.E. Patologia Oral e Maxilofacial. Trad.3a Ed., Rio de Janeiro: Elsevier, p. 972, 2009.   

SILVA, C. E. X, et al. Síndrome de Papillon-Lefèvre: relato de caso clínico. Revista Internacional de Estomatologia, v. 1, n. 2, 2004.

COELI, F. R, et al . Você conhece esta síndrome?. An. Bras. Dermatol.,  Rio de Janeiro ,  v. 83, n. 4, Aug.  2008 .



Pênfigo Vulgar

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Doenças Imunologicamente Mediadas - Pênfigo Vulgar



       O Pênfigo vulgar é uma doença auto-imune caracterizada pela presença de lesões em pele e mucosas, é de extrema importância na área odontológica, pois as lesões em boca normalmente precedem as de pele, sendo o dentista, muitas vezes, o responsável pelo diagnóstico precoce da doença. O "Pênfigo"é representado por quatro doenças - Pênfigo vegetante, eritematoso, foliáceo e o vulgar (mais importante para área odontológica).
    As bolhas, tanto em pele quanto em mucosa, são resultado de uma respostas imune alterada (autoanticorpos) contra proteínas responsáveis pela adesão das células epiteliais. A desmogleína é uma proteína da família das caderinas, as quais estão localizadas nos desmossomos, assim, com o ataque dos autoanticorpos essas proteínas são destruídas, dando origem a uma fenda que se desenvolve no interior do epitélio. Tanto os desmossomos da pele quanto os da mucosa oral possuem a desmogleína em sua constituição. Em pele encontramos uma maior predominância da desmogleína 1, em mucosa temos a desmogleina 3 em maior quantidade.
       Ainda não se conhece a causa dessa alteração no padrão de normalidade da resposta imunológica. Em exames imunofluorescência direta podemos observar anticorpos ,IgG e IgM, e componentes do sistema complemento, geralmente C3.


As caderinas são proteínas responsáveis pela
adesão celular.
Disponível em: http://cienciasmorfologicas.blogspot.com.br/2011/03/desmossomos.html


Características Clínicas:

     A mucosa oral na grande maioria dos casos é o primeiro sítio de acometimento da doença, normalmente o paciente queixa-se de dor ou ardor na região. A doença é caracterizada pela formação de bolhas e vesículas de tamanhos variáveis, raramente o profissional irá detectar a presença dessas bolhas, pois, as mesmas apresentam o teto fino e friável e estouram facilmente dando origem a lesões erosivas e ulcerativas de formatos irregulares. Essas lesões normalmente são recobertas por uma pseudomembrana e são circundadas por uma área eritematosa. As bolhas podem acometer qualquer região da boca, sendo a mucosa jugal, ventre de língua e gengiva os locais mais acometidos. A formação de bolhas e vesículas também podem ocorrer na pele, essas bolhas normalmente se rompem dentro de poucas horas, dando origem a lesões avermelhadas. O envolvimento dos olhos é mais incomum e não costuma produzir cicatriz, ao contrário do Penfigoide das membranas mucosas.

Aspecto clínico - Lesões erosivas e ulcerativas em mucosa
jugal
Disponível em: http://www.uv.es/medicina-oral/Docencia/atlas/penfigo/1.htm

 Lesões em mucosa Jugal
Disponível em: www.ricardogomez.com


Lesões em lábio inferior
Disponível em: http://enfermedades-2012.blogspot.com.br/2012/03/penfigo.html


Lesões em palato duro e mole
Disponível em: http://pemphigusdisease.blogspot.com.br/2013/01/disease-pemphigus-vulgaris.html

Vesículas e bolhas - As bolhas estouram dando origem 
a lesões avermelhadas
Disponível em: https://meded.ucsd.edu/clinicalimg/skin_pemphigus.htm

Características Histopatológicas:

   Histopatologicamente, o Pênfigo vulgar é caracterizado pela presença de uma fenda intraepitelial (acantólise) que ocorre acima da camada de células basais, muitas vezes toda a camada superficial do epitélio está destacada deixando apenas as células basais, condição essa, descrita como "fileira de pedras tumulares".
    No interior da fenda formada, podemos encontrar células arredondadas (células de Tzank), que são muito importantes no diagnóstico através de citologia. O tecido conjuntivo apresenta um infiltrado inflamatório leve a moderado.


 Presença de fenda intraepitelial (acantólise) e tecido conjuntivo com infiltrado inflamatório crônico. Podemos observar ainda algumas células localizadas no interior das fendas
Disponível em: http://www.biomedcentral.com/1472-6831/13/66

Destacamento de toda camada superficial do epitélio
apenas a camada basal permanece. Aspecto de "fileira de
pedras tumulares"
Disponível em: http://www.hindawi.com/journals/ijd/2011/207153/fig4/

Citologia - Células de Tzank
Disponível em: http://www.hindawi.com/journals/ijd/2011/207153/


Diagnóstico e Tratamento:

     A imunofluorescência direta do tecido perilesional é um método confiável para o diagnóstico do pênfigo vulgar, com essa técnica, poderemos observar a presença de anticorpos IgG e IgM e componentes do sistema complemento. O exame de imunofluorescência indireta também tem demostrado bons resultados. Para que haja confirmação é necessário que se tenha também a análise microscópica de luz, onde perceberemos as características histopatológicas citadas acima.
     O sinal de Nikolskyé uma manobra semiotécnica simples, que é feita a partir da pressão (que pode ser feita com o cabo do espelho) na mucosa próxima as lesões ativas, quando positivo, há a formação de uma bolha que ocorre devido a fragilidade da camada epitelial, é importante salientar que o sinal de Nikosky não é patognomônico, podendo ser observado em outras doenças vesículo-bolhosas.
     É muito importante que a doença seja diagnosticada precocemente, pois assim, o controle adequado é alcançado com maior facilidade. O estomatologista tem um papel fundamental no diagnostico dessa lesão, pois as lesões bucais normalmente antecedem as lesões em outros locais e são as mais complicadas de se tratar, sendo descritas como "as primeiras a surgirem, e as ultimas a desaparecerem".
   Quanto ao tratamento, inicialmente, o pênfigo vulgar é tratado com corticosteroides sistêmicos (normalmente Prednisona), principalmente se houver lesões mucosas e dermatologias, na tentativa de diminuir a produção de autoanticorpos (já que esses medicamentos apresentam efeitos imunossupressores). Quando o paciente apresenta apenas lesões em mucosa, alguns profissionais preferem utilizar corticosteroides tópicos como o propionato de clobetasol por exemplo.  
   A associação com outras drogas imunossupressoras como a azatioprina tem sido relatado em alguns casos, essa associação é utilizada como uma tentativa de diminuir a exposição do paciente aos corticosteroides, já que os mesmos apresentam muitos efeitos colaterais, como: Ganho de peso, úlceras pépticas, osteoporose, supressão adrenal, diabetes melito e outros.
    Normalmente inicia-se o tratamento com doses elevadas para que haja a remissão das lesões, a partir disso, a dose do medicamento deve ser diminuída gradativamente para que haja o controle da doença. O paciente portador da condição deve ser acompanhado pelo profissional durante longos períodos.


Referências: 

AMORMINO, S. A. F; BARBOSA, Antônio A. A. M. Pênfigo vulgar: revisão de literatura e relato de caso clínico. Periodontia, v. 20, n. 2, p. 47-52, 2010.

BERNABÉ, D. G, et al. Tratamento do pênfigo vulgar oral com corticosteróides tópico e sistêmico associados a dapsona e pentoxifilina. Revista de Odontologia da UNESP, v. 34, n. 1, p. 49-55, 2005.

NEVILLE, B.W.; DAMM, D.D.; ALLEN, C.M.; BOUQUOT, J.E. Patologia Oral e Maxilofacial. Trad.3a Ed., Rio de Janeiro: Elsevier, p. 972, 2009.

WOO, S.B. Atlas de patologia oral. 1. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. 456 p.




Doenças Sistêmicas - Amiloidose

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Amiloidose


     A amiloidose é uma doença incomum caracterizada pela deposição de material extracelular denominado amiloide (proteínas fibrilares), o nome foi dado por Virchow por volta de 1840 acreditando se tratar de de uma substancia semelhante ao amido. A condição pode apresentar-se nas formas localizada e sistêmica, sendo a primeira bastante incomum em boca. Normalmente temos uma condição sistêmica onde vários órgãos são afetados, dentre eles, rins, coração e pulmão. Na cavidade oral, o local mais comum é a língua, onde irá apresentar-se como um aumento de volume importante. A amiloidose secundária também pode estar relacionadas com a artrite reumatoide, doença de Crohn, infecções e mieloma múltiplo.

Macroglossia 
Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034-72992004000500023&script=sci_arttext


Caraterísticas Clínicas

     A amiloidose normalmente acomete indivíduos idosos (por volta dos 64 anos) e tem uma leve predileção pelo gênero masculino. A doença é dividida em sistêmica e localizada. A forma sistêmica ainda é subdividida em: Primária, associada ao mieloma múltiplo, secundária, associada a hemodiálise e heredofamiliar.

Amiloidose Localizada - Essa condição é bastante rara, é caracterizada pela presença de amiloide localizado em apenas um órgão, não havendo nenhuma doença sistêmica de base. Os locais mais acometidos são: língua, pele, bexiga, pulmão e nervos periféricos. Um nódulo submucoso, normalmente solitário, pode ser encontrado no órgão envolvido.

Amiloidose Sistêmica Primária e Associada a Mieloma - Essas duas formas são bem parecidas clinicamente, os primeiros sintomas da condição são: fadiga, perda de peso e parestesia. Conforme a deposição de amiloide continua, outras características como macroglossia, lesões mucocutâneas e hepatomegalia começam a se desenvolver. A língua apresenta-se como um aumento de volume difuso contendo ou não nódulos amarelados e endurecidos em sua superfície (muitas vezes ulcerados). As lesões em pele estão mais localizadas em região de pálpebras, região retroauricular, pescoço, axilas, lábios e umbigo. Essas lesões aparecem como pápulas e placas firmes de coloração vermelho-alaranjadas. Cerca de 15% a 20% estão associadas ao mieloma múltiplo (uma doença maligna de origem plasmocitária).


Depósitos de amiloide em pele (região de pálpebras)
Disponível em: http://asdoencasraras.blogspot.com/2012/10/amiloidose.html



Amiloidose Secundária - Essa forma está associada a uma doença sistêmica como a osteomielite, tuberculose e sarcoidose. Ou seja, é uma amiloidose secundária a uma doença de base. Fígado, baço e rins são os locais mais afetados.

Amiloidose Associada à hemodiálise - Existem relatos na literatura de amiloidose em indivíduos submetidos a hemodiálise durante longo tempo. Ossos e articulações são os locais mais envolvidos nesse subtipo.

Amiloidose Heredofamiliar - Essa forma é hereditária (autossômica dominante), o coração e os rins são os órgãos mais afetados.


Macroglossia
Disponível em: http://internalmedicine.pagesperso-orange.fr/amylose.htm


Depósitos de amiloide em pele
Disponível em: http://www.dermis.net/dermisroot/pt/24281/image.htm


Características Histopatológicas

     Histopatologicamente, os depósitos de amiloide apresentam-se como um material eosinofílico, homogêneo, acelular e amorfo. São encontrados no tecido conjuntivo submucoso nas proximidades de vasos, nervos ou difusamente pelos tecidos. Quando corados pelo vermelho-congo (coloração que apresenta afinidade pelo amiloide) apresenta-se avermelhados, exibindo uma birrefringência verde-maçã sob luz polarizada.

Coloração Vermelho-Congo - Observar os depósitos de amiloide
ao redor de vasos sanguíneos (coloração vermelha)
Disponível em:http://intranet.unimagem-net.com.br/aprovacao/sites/sbn.org.br_ANTIGO/casosClinicos/Caso46/diag.html


Coloração Vermelho-Congo sob luz polarizada - A imagem
esverdeada (verde-maçã) representa o amiloide. 
Disponível em:http://anatpat.unicamp.br/lamdegn8.html


Coloração vermelho-congo
Disponível em:https://www.flickr.com/photos/euthman/3595839154/in/photostream/



Notar depósitos de amiloide
Disponível em: http://www.robarts.ca/pathology/staining/congo-red.htm



Diagnóstico e Tratamento

      O diagnóstico definitivo da condição pode ser feito a partir de uma biopsia incisional do local afetado, o uso da coloração vermelho-congo e luz polarizada são altamente característicos da amiloidose. Ainda sim, o importante está em saber se a doença é sistêmica ou localizada. A diferenciação pode ser feito a partir de uma biópsia do reto ou aspiração de gordura abdominal (PAAF), caso seja sistêmica, os depósitos de amiloide serão encontrados. O coração, rins, pulmão e outros órgãos importantes devem ser sempre investigados pois a deposição do material pode ser muito prejudicial a função normal desses componentes. A imunoeletroforese pode ser solicitada para avaliação do paciente quanto ao mieloma múltiplo.
     Ainda não existe um tratamento totalmente efetivo para a amiloidose, o uso de alguns medicamentos como a colchicina e prednisona são descritos na literatura em casos que não há comprometimento renal ou cardíaco.
     A amiloidose secundária é tratada com foco na doença sistêmica de base que pode ser tuberculose, artrite reumatoide e doença de Crohn por exemplo.
    Para o tratamento da macroglossia decorrente da amiloidose, é visto na literatura o desbridamento cirúrgico dos depósitos de amiloide. O prognóstico da forma sistêmica é ruim, a maioria dos pacientes morrem de complicações renais e cardíacas.


Referências: 
      
ALAMBERT, C. A. et al. Macroglossia as initial clinical manifestation of primary amyloidosis. Revista Brasileira de Reumatologia, v. 47, n. 1, p. 76-79, 2007.

FARIA, P. R. et al . Amiloidose na cavidade bucal: aspectos clínicos, histopatológicos e ultra-estruturais. J. Bras. Patol. Med. Lab.,  Rio de Janeiro ,  v. 39, n. 2, June  2003 .

JOAO, A. et al. Amiloidose sistémica associada a mieloma múltiplo.Med Cutan Iber Lat Am, v. 38, n. 4, p. 157-160, 2010.

NEVILLE, B.W.; DAMM, D.D.; ALLEN, C.M.; BOUQUOT, J.E. Patologia Oral e Maxilofacial. Trad.3a Ed., Rio de Janeiro: Elsevier, 2009, 972p.

XAVIER, S. D; BUSSOLOTI FILHO, I; MULLLER, H. Macroglossia decorrente de amiloidose sistêmica: relato de caso e revisão de literatura.Revista Brasileira de Otorrinolaringologia., v. 70, n. 5, 2004.

Lesões orais relacionadas com o uso de medicamentos

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Lesões orais relacionadas com o uso de medicamentos


       Atualmente, o fácil aceso aos medicamentos pela população em geral pôde trazer uma grande melhoria na qualidade de vida dos indivíduos, principalmente aqueles portadores de doenças crônicas. É certo que apesar dos benefícios, muitos medicamentos podem estar associados à reações adversas, tanto sistêmicas como localizadas. A cavidade oral é uma das partes do corpo que pode ser acometida por essas reações Essas lesões podem se apresentar sob diversas formas, inclusive, mimetizando outras doenças importantes.
     
     Dentre as alterações mais comuns, podemos citar: 

- Eritema Multiforme;                    
- Língua Pilosa;                              
- Hipossalivação;                          
- Reação Liquenoide;
- Osteonecrose;
- Angioedema;
- Discrasias Sanguíneas;
- Erosões e ulcerações;
- Lesões semelhantes ao pênfigo e Lupus.

     Essas reações normalmente envolvem o sistema imunológico e podem ocorrer a partir de anticorpos (IgE) associados aos macrófagos ou a partir de uma reação de citoxicidade mediada por anticorpos. Neste texto, citaremos de forma resumida algumas dessas alterações, bem como os alguns medicamentos relacionados.

Língua Pilosa - Essa condição é caracterizada pelo aumento das papilas filiformes, que se tornam semelhantes a "pelos na língua". A lesões podem se tornar pigmentadas (amarela, verde, negra) em virtude da deposição de corantes ou colonização de microrganismos cromogênicos. Os medicamentos mais relacionados com essa condição são: Amoxicilina, cefalosporina, clorexidina, clonazepam, sulfonamidas, tetraciclina.

Papilas filiformes alongadas, semelhantes a
pelos na língua.
Disponível em: http://www.dermis.net/dermisroot/pt/51691/image.htm


Hipossalivação - É caracterizada pela diminuição do fluxo salivar na cavidade oral, também é uma alteração comum pelo uso de medicamentos, sendo responsável pelo desenvolvimentos de outras alterações como a língua fissurada, cáries e candidose. A saliva nesses pacientes apresenta-se mais viscosa e a halitose é bastante comum. As drogas mais relacionadas são: analgésicos, anticolinérgicos, diuréticos e psicotrópicos.

Candidose Pseudomembranosa - Placas brancas removíveis a raspagem
Disponível em: http://www.especialista24.com/candidiase-oral-fotos-imagens/


Língua Fissurada - condição relativamente
comum em indivíduos com hipossalivação
Disponível em:http://zisno.org/lingua-cortada-fissurada-o-que-fazer


Eritema Multiforme - O eritema multiforme é uma condição imunologicamente mediada muito relacionada com o uso de medicamentos e infecções virais (principalmente o vírus da herpes). A condição é caracterizada pela presença de ulcerações e erosões na mucosa oral e lábio. Quando acomete a pele, as lesões são descritas como em "forma de alvo" ou "olho de boi". Acredita-se que as drogas quando ligadas aos seus receptores específicos no corpo possam induzir um resposta autoimune, provocando a doença. Febre, mialgia e vômito podem estar associados. Diversas drogas podem induzir essa resposta, dentre elas: Fenobarbital, AAS, alopurinol, amoxicilina, clorpromazina, dapsona, diclofenaco, carbamazepina, enalapril, fluconazol, ibuprofeno e sulfonamidas.

Lesões em aspecto de "alvo" ou "olho de boi"
Disponível em:http://www.pathologyoutlines.com/topic/skinnontumorerythemamultiforme.html



Presença de crosta e ulcerações nos lábios, mucosa
jugal e língua.
Disponível em:http://www.jomfp.in/article.asp?issn=0973-029X;year=2012;volume=16;issue=1;spage=145;epage=148;aulast=Joseph



Reação Liquenoide - São reações que ocorrem na mucosa devido ao uso de medicamentos. Caracteristicamente não podem ser diferenciadas do líquen plano oral, o que irá diferenciar as duas lesões é que a primeira desaparece após a retirada do medicamento. Captopril, carbamazepina, alopurinol, fenitoína, furosemida, isoniazida e o propanolol são exemplos de algumas drogas relacionadas com a lesão.


Lesão idêntica ao líquen plano oral. Observar as estrias
de wickham
Disponível em: http://www.thenextdds.com/clinicalimages.aspx?catid=612&id=4294972289&y=1


Lesão semelhante ao líquen plano erosivo
Disponível em: http://tmjtreatment.com.au/what-is-oral-medicine/


Osteonecrose - Essa reação está muito relacionada com o uso dos bifosfonatos (principalmente os aminobifosfonatos), essas drogas são utilizadas em pacientes com osteoporose e na tentativa de conter a disseminação óssea de uma neoplasias maligna. Como essas drogas agem na diminuição da função osteoclástica (reabsorção óssea), o osso muitas vezes torna-se bastante susceptível a necrose. Os corticosteroides como a prednisona e a dexametasona também estão relacionados com a condição, isso ocorre devido a uma diminuição da oxigenação vascular local, levando o osso a necrose.


Osteonecrose - Observar a exposição de osso
necrótico. O paciente fazia uso de bifosfonatos
Disponível em: http://www.scielo.org.mx/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1870-199X2013000100008


Osteonecrose induzida por bifosfonatos.
Disponível em:http://www.drbayma.com/medicamentos-para-osteoporose-o-ultimo-esqueleto-do-armario-da-%E2%80%9Cbig-pharma%E2%80%9D/


Angioedema - Essa condição é bastante importante e representa um bem conhecido caso de hipersensibilidade envolvendo (ou não) IgE. A reação pode acometer o trato respiratório e o gastrointestinal. Na face e cavidade oral, os locais mais comuns são a região perioral, região periorbital, lábios, língua, assoalho e bochecha. Alguns medicamentos relacionados com o caso são: Captopril, clindamicina, losartana, enalapril e AAS.


Angioedema em região periorbital
Disponível em: http://leechitse.myweb.hinet.net/02_skin_disease/urticaria_immune/urticaria_angioedema.htm


Angioedema em região perilabial
Disponível em: http://www.studyblue.com/notes/note/n/osce-/deck/810360


Discrasias Sanguíneas - As discrasias sanguíneas são um grupo de lesões relacionadas com a alteração da normalidade do sangue. É representada pela neutropenia, leucopenia, anemia aplásica, agranulocitose, trombocitopenia e pancitopenia. Algumas medicações são capazes de induzir essas alterações, provocando diversos sintomas, como uma maior susceptibilidade a infecções, diminuição do processo de coagulação, sangramentos espontâneos, presença de petéquias na cavidade oral, etc. Ampicilina, antineoplásicos, flucitosina, rifampicina, dipirona, clonazepam, butazona, sulfonamidas são alguns exemplos de drogas que podem induzir essas discrasias.


Petéquias hemorrágicas em região de fundo
de sulco
Disponível em: http://www.meduweb.com/showthread.php?t=6740


Sangramento espontâneo, uma característica das
discrasias sanguíneas.
Disponível em: http://www.ausdcc.com.au/page41.php


Petéquias em palato mole
Disponível em: http://dentistryandmedicine.blogspot.com.br/2011/08/red-lesions-of-oral-mucosa-differential.html


Ulcerações - Alguns medicamentos são capazes de induzir a formação de lesões ulceradas na cavidade oral, muitas delas podem ser precedidas por lesões bolhosas, semelhante ao que ocorre no pênfigo vulgar, a lesão só poderá ser diferenciada do pênfigo verdadeiro quando há uma suspensão do medicamento e consequente remissão das lesões. Qualquer superfície da cavidade oral pode ser afetada, normalmente essas lesões são múltiplas e dolorosas sendo necessário uma medicação para debelar o quadro de dor e restabelecer a normalidade. Algumas drogas associadas: AAS, alopurinol, barbitúricos, captopril, clonazepam, ciclosporina, enalapril, fenitoína, ibuprofeno, propanolol, etc.


Múltiplas ulcerações em palato mole, essa condição
é bastante semelhante ao pênfigo vulgar.
Disponível em:http://www.elrincondelamedicinainterna.com/2012_07_07_archive.html


Ulceração induzida por medicamento em 
lábio inferior.
Disponível em: http://www.visualdx.com/view/diagnosis/drug_induced_oral_ulcer


Ulcerações em cavidade oral
Disponível em: http://www.maxillofacialsurgeons.org.uk/sp_oral_medicine.html


Ulcerações induzidas por drogas podem apresentar-se
semelhantes a aftas.
Disponível em: http://en.wikipedia.org/wiki/Mouth_ulcer


   
     A principal forma de tratamento para essas reações provocadas por medicamento será sempre, sem dúvidas, a suspensão do medicamento indutor, algumas drogas podem ser utilizadas de forma paliativa para redução de edema e sintomatologia dolorosa por exemplo. É importante uma associação com o médico responsável pelo paciente para que ele possa pesquisar uma medicação alternativa para o tratamento do individuo.

Referências:

BRENNAN, Michael T. et al. Oral manifestations in patients with aplastic anemia. Oral Surgery, Oral Medicine, Oral Pathology, Oral Radiology, and Endodontology, v. 92, n. 5, p. 503-508, 2001.

DO AMARAL, S. M; MIRANDA, A. M. M. A; PIRES, F. R. Reações medicamentosas na cavidade oral: aspectos relevantes na Estomatologia. Rev. bras. odontol, v. 66, n. 1, p. 41-53, 2009.

FERNANDEZ LOPEZ, Rocío Gloria; ARELLANO FLORES, Águeda M; VELAZQUEZ SERRANO, Sayra Nayelli. Osteonecrosis mandibular asociada a bifosfonatos: Presentación de caso clínico. Rev. Odont. Mex,  México ,  v. 17, n. 1, marzo  2013 .

LOUREIRO,  C.S. et al. Efeitos adversos de medicamentos tópicos e sistêmicos na mucosa bucal. Rev Bras Otorrinolaringol, v. 70, n. 1, p. 106-11, 2004.












Síndromes - Síndrome de Behçet

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Síndrome de Behçet

       A Síndrome de Behçet (SB) foi descrita pelo médico turco Hulusi Behçet como sendo uma tríade que envolve cavidade oral, olhos e região genital. Com o avanço das pesquisas na área da doença, pôde-se concluir que a SB é uma desordem sistêmica que além de envolver essa tríade, pode estar relacionada com lesões em pele, sistema nervoso central (SNC), sistema respiratório, cardiovascular e articulações.
    A doença é consequência de uma vasculite causada por uma imunodisfunção (a verdadeira etiologia ainda é desconhecida). Os pacientes acometidos pela doença apresentam frequentemente o antígeno leucocitário humano (HLA-B51), dando um caráter genético a essa condição. Ainda sim, fatores externos também estão relacionados, dentre esses, microrganismos e substâncias tóxicas.
   O mecanismo da doença, de maneira simplificada, pode ser entendido da seguinte forma: Primeiramente, como já foi dito, o conceito atual da SB está relacionado tanto a fatores genéticos quanto a fatores indutores, com isso, um individuo que apresente expressão para o HLA-B51, quando exposto a antígenos infecciosos (fator externo) irá desencadear uma resposta imunológica alterada e exacerbada - neutrófilos hiperreativos.

Mecanismo da Síndrome de Behçet
Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0482-50042006000700005&script=sci_arttext


Características Clínicas

   Como já exposto acima, a doença apresenta como principais características clínicas o acometimento dos olhos, boca e região genital. Na boca, a grande maioria dos indivíduos apresentarão ulcerações semelhantes as estomatites aftosas. Essas lesões podem estar localizadas em qualquer região da mucosa oral (regiões comuns as aftas), tendo preferência pelo palato mole e orofaringe. As lesões semelhantes as aftas maiores e herpetiformes também são descritas. Geralmente são lesões ulceradas, bem delimitadas, doloridas e circundadas por um halo eritematoso difuso. Os pacientes portadores da SB normalmente apresentam 6 ou mais ulcerações na cavidade oral.
  As ulceras genitais são bastante semelhantes as da boca. Frequentemente apresentam um tamanho maior e mais profundidade, o que pode ocasionar em cicatrizes após o reparo. Os locais mais acometidos são: vulva, vagina, glande do pênis e região perianal.


Ulceração em lábio inferior
Disponível em: http://www.cmaj.ca/content/176/9/1273.figures-only



Ulceração em língua
Disponível em: http://www.patient.co.uk/doctor/behcets-disease



Múltiplas ulceras acometendo palato mole e orofaringe
Disponível em: http://www.bsom.org.uk/clinical-case-chooser/clinical-case-9/


Ulcerações orais são as principais características da
SB
Disponível em: http://images.rheumatology.org/viewphoto.php?imageId=2861549


    Os olhos são acometidos em 70% a 85% dos casos, e ainda hoje, é a manifestação mais problemática da doença, visto que ainda não há um tratamento com adequada eficiência, muitas vezes levando o paciente a cegueira. A uveíte anterior/posterior, conjuntivite, ulcerações na córnea e arterite são as manifestações mais frequentes.
   Lesões acneiformes, pústulas, foliculites e lesões semelhantes ao eritema nodoso são as formas mais comuns de acometimento cutâneo. Um fenômeno bastante interessante chamado de "partegia" ocorre dentro de 24 a 48 horas após a injeção obliqua de uma agulha de 20 gauge na pele, no local onde a agulha foi inserida ocorrerá a formação de uma lesão cutânea, resultado da hiperreatividade dos neutrófilos. A artrite é uma importante manifestação da doença nas articulações.
   O acometimento de sistemas importantes como o nervoso, cardiovascular e respiratório podem levar o paciente a um prognóstico desfavorável.


Lesão cutânea semelhante a eritema nodoso
Disponível em: https://www.rareconnect.org/en/community/behcet-s-syndrome/article/manifestations-of-behet-s-disease


Acometimento cutâneo - Pústula
Disponível em: http://saudetotal.org.br/acne/lesoes/137a.jpg


Acometimento ocular - Uveíte
Disponível em: http://www.saudemedicina.com/uveite-oftalmo-visao-com-moscas-volantes/


Diagnóstico e Tratamento

     Para que houvesse uma padronização no diagnóstico da SB, foi desenvolvida uma tabela com critérios maiores e menores da doença. Para que um indivíduo seja diagnosticado com síndrome de Behçet, ele deve possuir um critério maior, ulcerações orais recorrentes, e pelo menos dois critérios menores, que podem ser: ulcerações genitais, lesões oculares, cutâneas ou teste de patergia positivo.
    O tratamento da condição ainda é um tema muito discutido, os corticosteroides (tópicos ou sistêmicos) são uma boa escolha para as lesões em boca e genitais. Esses, podem ser associados a drogas imunomoduladoras como a ciclosporina e azatioprina. A talidomida, dapsona e colchicina podem ser utilizadas na tentativa de reduzir as recidivas das lesões. Alguns pacientes ainda sim, apresentarão períodos de recidiva e remissões, principalmente em relação as manifestações oculares, que podem levar o paciente a cegueira. O prognóstico normalmente é favorável caso não haja envolvimento de órgãos importantes.
      O dentista tem um papel super importante no diagnóstico da doença, visto que, as ulcerações orais normalmente são os primeiros sintomas da S e o tratamento deve ser multidisciplinar.

O teste de patergia é um dos critérios para o diagnóstico da
SB. É causado por um hiperreatividade de neutrófilos
Disponível em: http://www.scielo.cl/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-98872010000100012


Referências: 

CARNEIRO, S. C. A. S. et al. Síndrome de Behçet: relato de caso. Rev Cir Traumatol Buco-Maxilo-Fac, v. 5, n. 4, p. 49-52, 2005.

FERNANDEZ A, DANIEL G et al . Aneurisma de la arteria pulmonar en Enfermedad de Behçet. Rev. méd. Chile,  Santiago ,  v. 138, n. 1, enero  2010 .

MARKS, F. O; CAMPIOLO, E. L; SOUZA, M. A. RELATO DE CASO: DOENÇA DE BEHÇET EM PACIENTE DE 12 ANOS. Revista UNIPLAC, v. 1, n. 1, 2013.

NEVES, F. S; BERTACINI, J. C. M; GONÇALVES, C. R. Síndrome de Behçet: à procura de evidências. Rev Bras Reumatol, v. 1, p. 7, 2006.

NEVILLE, B.W.; DAMM, D.D.; ALLEN, C.M.; BOUQUOT, J.E. Patologia Oral e Maxilofacial. Trad.3a Ed., Rio de Janeiro: Elsevier, 2009, 972p.

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