Cistos e Tumores Odontogênicos: Tumor Odontogênico Adenomatoide
O Tumor odontogênico adenomatoide (TOA) é uma lesão incomum, que corresponde de 3% a 7% de todos os tumores odontogênicos, acredita-se que sua etiologia esteja relacionada com as células derivadas do epitélio do órgão do esmalte ou dos remanescentes da lâmina dentária. O TOA já foi considerado como uma variante do ameloblastoma, chamado de "adenoameloblastoma", mas devido a suas características clínicas e comportamento foi classificada como uma lesão à parte.
Características Clínicas:
O TOA normalmente é encontrado em pacientes jovens, entre 10 e 30 anos e o sexo feminino é o mais afetado (2:1). Clinicamente a lesão se apresenta assintomática (sendo descoberta apenas em radiografias de rotina), mas, uma expansão indolor no local afetado pode ocorrer. A lesão possui predileção pela região anterior da maxila. Frequentemente são lesões pequenas que envolvem um dente não-erupcionado, principalmente o canino.
O Tumor Odontogênico Adenomatoide apresenta 3 variantes: Folicular, extrafolicular e periférica. Na variante folicular a lesão estará sempre associada a um dente não irrompido, já a extrafolicular não apresenta essa associação, sendo a lesão localizada geralmente entre as raízes dos dentes (lembrando bastante o cisto periodontal lateral, radiograficamente). As lesões extraósseas ou periféricas são muito raras (cerca de 3% dos casos) e clinicamente aparecem como nódulos sésseis na gengiva maxilar, lembrando lesões fibrosas comuns da gengiva.
Aspecto clínico - Aumento de volume no local da lesão
Disponível em: http://www.ricardosgomez.com/ |
Características Radiográficas:
Radiograficamente o padrão folicular apresenta-se como uma imagem radiolúcida, unilocular, com margens regulares e limites bem definidos associada a um elemento dentário não irrompido (geralmente o canino superior), a imagens pode apresentar pontos radiopacos (calcificações em flocos de neve). Muitas vezes a lesão pode ser semelhante a um cisto dentígero, ameloblastoma, Tumor odontogênico cístico calcificante ou Tumor odontogênico epitelial calcificante.
No padrão extrafolicular não há associação com elementos dentários, e normalmente a imagem radiolúcida está localizada entre duas raízes, lembando um cisto periodontal lateral, como já dito acima.
TOA folicular - Observar a associação entre a lesão e o dente
não-erupcionado e a presença de pequenos pontos radiopacos.
Disponível em:http://www.contempclindent.org/ |
TOA folicular
Disponível em:http://www.clinicalimagingscience.org/ |
TOA extrafolicular - Imagem radiolúcida entre as raízes de
dois dentes.
Disponível em: http://www.ricardosgomez.com/ |
Características Histopatológicas:
O histopatológico do TOA é caracterizado pela presença de uma grande quantidade de células tumorais e pouco estroma, essas células epiteliais (cuboidais ou poliedricas) se arranjam formando ninhos, cordões, lençóis e estruturas semelhantes a rosetas. As células também formam estruturas semelhantes a ductos (pseudoductos), muitas vezes um material eosinofílico amorfo pode ser encontrado no interior dessas estruturas. Além disso, a lesão pode apresentar pequenos focos de calcificação. Na periferia podemos observar a presença de uma cápsula fibrosa espessa.
TOA - Presença de muitas células epiteliais e pouco estroma. Observar as
estruturas semelhantes a ductos. Notar também estrutura semelhante a
rosetas (centro da imagem).
Disponível em: http://www.contempclindent.org/ |
TOA - Observar a presença de material eosinofílico.
Disponível em:http://www.tmd.ac.jp/dent/opat/sakamoto.files/aothome.htm |
Estruturas semelhantes as ductos e cápsula de tecido
conjuntivo fibroso.
Disponível em: http://www.scaop.com/ |
Tratamento:
Para o correto diagnóstico e tratamento da lesão é necessário uma associação entre os exames radiográficos e histopatológicos, pois como já dito acima, essa lesão pode mimetizar cistos dentígeros, ameloblastomas e outras lesões de grande importância. O TOA é uma lesão benigna e apresenta uma cápsula bastante espessa, sendo a enucleação a principal forma de tratamento. Os índices de recidiva são baixíssimos.
Referências:
CASTRO, C.H.S, et al. Tumor odontogênico adenomatoide: aspectos relevantes ilustrados por um caso clínico. Rev. Ciências Médicas e Biológicas, Salvador, v. 9, n. 1, p. 179-182, 2011.
WOO, S.B. Atlas de patologia oral. 1. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. 456 p.